Sediada em Viseu há 24 anos, a Companhia Paulo Ribeiro vai mudar-se no início de 2023 para Cascais. Na hora do adeus, o coreógrafo e diretor artístico da companhia com o seu nome lança críticas à Câmara de Viseu e à direção do Teatro Viriato.
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Ao JN, Paulo Ribeiro acusa a autarquia viseense e o teatro local, onde a estrutura de dança está ainda radicada, de se terem "calado" após ter anunciado que a companhia se ia instalar na área metropolitana de Lisboa.
"Avisámos que a sede ia mudar. Tive uma reunião com o presidente da Câmara, que reiterou a vontade de continuarmos a trabalhar juntos. Por isso, é que também me espanta que de repente a atual direção e a vereação da cultural fechem portas, no sentido de que nem sequer há comunicação", diz.
Paulo Ribeiro, que já foi diretor do Teatro Viriato, lamenta ainda que o espaço cultural, agora dirigido por Henrique Amoedo, do grupo Dançando com a Diferença, não tenha arranjado espaço na programação de 2023 para a companhia apresentar as suas criações.
"O que faz sentido é continuar a apresentar uma criação por ano na cidade. Viseu gosta da companhia e merece continuar a vê-la. Não faz sentido não continuar a vê-la. Só por arrufo ou uma questão qualquer, a direção atual nem sequer explicou porque é que essa não é a sua opção", afirma.
O diretor do Teatro Viriato apresenta ao JN uma versão diferente dos factos e acusa Paulo Ribeiro de proferir declarações "tristes e infundadas". Segundo Henrique Amoedo, o diretor da companhia de dança queria que o Teatro Viriato coproduzisse quatro espetáculos. A direção do Viriato contrapropôs, sugerindo apenas duas coproduções e a compra de mais peças, mas "Paulo Ribeiro não aceitou". "Depois disso não houve mais comunicação", refere.
"Não há arrufo, não tenho problema nenhum com o Paulo Ribeiro e com a companhia. Podemos voltar a apresentar a companhia no Viriato desde que isso esteja de acordo com o que decidimos com a nossa programação e desde que o Paulo Ribeiro acate as nossas propostas e que cheguemos a um acordo", remata.
O presidente da Câmara de Viseu, Fernando Ruas, diz que o Teatro Viriato tem autonomia na sua programação e confessa que pensava que Paulo Ribeiro até já tivesse deixado Viseu.
"Esta não é a primeira vez que sai de cá, saiu para o Ballet Gulbenkian e para a Companhia Nacional de Bailado. Nós sempre mantivemos as portas abertas, como aliás faremos agora", garante.