Organização do festival apelida de "desleais" e de "má-fé" as acusações de "incumprimentos" feitas pela autarquia.
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A organização do Festival MIMO diz estar "estupefacta" com as acusações do autarca Rui Moreira, feitas na segunda-feira durante uma reunião da assembleia municipal, sobre alegados "incumprimentos" relativos à edição de setembro do ano passado, realizada no Porto.
Em comunicado, o festival de músicas do Mundo garante nunca ter sido informada de qualquer irregularidade da sua parte no contrato celebrado com a Câmara Municipal do Porto, garantindo que o mesmo "foi cumprido na íntegra e pontualmente".
No mesmo documento declaram que não está afastada a hipótese de ser intentada uma ação judicial contra a autarquia, dadas "as acusações gravíssimas e sem qualquer fundamento que atentam de forma inaceitável e injusta contra a imagem do festival e de quem o organiza, com todos os prejuízos reputacionais e económicos que daí podem decorrer".
Em declarações ao "Jornal de Notícias", Jorge Urbano Gomes, advogado do festival, sublinha que a comunicação de Rui Moreira apanhou os organizadores de surpresa, porque "nunca nos foi comunicado qualquer incumprimento".
"A empresa municipal Ágora tinha poderes para fiscalizar o decorrer do festival. Se tivesse havido falhas, ter-nos-iam sido comunicadas", prosseguiu. Segundo o advogado, a "organização tentou contactar o presidente da Câmara do Porto nos últimos meses, mas sem sucesso".
Futuro incerto
Fonte do festival adianta ainda não ser possível a Câmara Municipal do Porto ter recusado a realização do festival, como foi referido por Rui Moreira, "dada a inexistência de qualquer proposta por parte da organização", até ao momento.
O festival endossa ainda palavras duras às declarações do autarca Rui Moreira, que acusa de revelarem "uma atitude de insuportável deslealdade e uma traição ao espírito de boa-fé".
A polémica com a autarquia portuense coincide com a aproximação das comemorações do vigésimo aniversário do festival nascido no Brasil (ler caixa), que ao longo da sua existência mobilizou mais de dois milhões de pessoas.
Apesar de extenso, o comunicado não confirma o regresso do festival a Amarante já este ano. Na cidade banhada pelo Tâmega, realizaram-se quatro edições, entre 2016 e 2019, mas a pandemia obrigou à interrupção durante dois anos, o que motivou uma ação judicial da organização.
Segundo a Lusa, a decisão da autarquia foi impugnada em tribunal pela empresa promotora do evento, tendo a instância judicial decidido condenar a Câmara a retomar a tramitação procedimental pré-contratual.
Duas décadas de um festival gratuito
O MIMO Festival arrancou em 2004 em Olinda, no Brasil. Entretanto, o evento, gratuito e focado na acessibilidade, tem-se espalhado por diversas cidades. Já passou pelo Rio de Janeiro, Ouro Preto ou São Paulo, no Brasil. Teve ainda uma edição em Glasgow, na Escócia, tendo chegado a Portugal em 2016, em Amarante. A primeira e, até ao momento, única edição na cidade Invicta deste festival de músicas do Mundo aconteceu em 2022, com nomes como Emicida ou Branko.