Realizador Martin Scorsese partilha a sua relação com o divino numa conversa tocante com o teólogo Antonio Spadaro.
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Quer se eleve ao sublime, como em "Taxi driver" ou "Touro enraivecido", quer resvale para uma incontida mediania, de que são exemplos os filmes "Hugo" e "O aviador", há uma característica em particular de que a obra de Martin Scorsese não pode ser acusada: a superficialidade.
Filme após filme, o cineasta italo-americano tem vindo a erguer desde 1968 uma cinematografia que, embora formalmente rica (como o demonstra a mestria com que recorre aos planos-sequência ou à narrativa em off), encontra porventura a sua verdadeira singularidade na abordagem que faz dos dilemas morais e dramas humanos. Há nas suas personagens, mesmo nas que lidam com realidades mais duras, uma luta permanente entre a redenção e a culpa, como se buscassem uma perfeição que lhes é negada pelas próprias imperfeições da vida.