Na sua primeira incursão em Guimarães, o Courage Club tem mostrado ser um festival feito de uma mistura de públicos musicais muito diferentes. Na sexta, dia de abertura, Dino D'Santiago protagonizou a maior enchente, mas o público esteve longe de ser entusiasta.
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Está a decorrer, em Guimarães, o festival de inverno Courage Club. O irmão mais pequeno do Paredes de Coura (Courage) teve Dino D"Santiago a abrilhantar o concerto grande do primeiro dia, na sexta-feira.
O concerto de Dino D"Santiago, no São Mamede, não tinha espaço nem que fosse para mais uma pessoa. Desse ponto de vista, o Courage Club, na sua primeira edição fora da terra natal, foi um sucesso. Ao concerto propriamente dito, faltou-lhe qualquer coisa e não foi responsabilidade do artista que, apesar de por vezes parecer muito sozinho em cima do palco vazio, cumpriu. A música convidava a dançar, mas os corpos que encheram o São Mamede até à porta, pouco mais faziam do que um leve abanar. Dançar mesmo, só Dino no Palco.
"Aqui toda a gente é parente/ Mesmo quando não nasce do mesmo ventre", cantava. Mas não era essa a impressão que ficava a quem via aquela massa humana. Havia ali gente que não era dali e isso notava-se no movimento, ou na falta dele. "Toda a energia que vocês quiserem partilhar comigo, vão receber vinte vezes mais", Dino desafiava a audiência. A malta, com os omnipresentes telemóveis ao alto, procurava um bolso para arrumar o equipamento, e até correspondia. "Qual é a ideia?" - repetem depois do cantor. Mas o frémito durava apenas um instante e a turma voltava aos telefones.
Dino D"Santiago voltou a entusiasmar o público - pelo menos o feminino -, não tanto com a música, mas por lembrar as penas que as mulheres carregam. "Eis as mulheres... sorriso nos olhos se amadas", palmas, gritos e um breve momento de delírio de metade da plateia. A falta de fulgor é provavelmente por este ser um festival de muitos públicos. Estava ali gente que já vinha de Mallu Magalhães que tocou antes, no CCVF e de Filipe Karlsson, no Teatro Jordão, os dois com casa cheia.
Outra crítica que se pode fazer a este Courage Club, é a falta de ambiente "festivaleiro" na cidade. Na sexta-feira, era possível tomar um copo na Praça da Oliveira ou no Largo de Santiago e nem perceber que estava a acontecer um festival em Guimarães. Vários espetáculos a acontecer em diferentes salas, no mesmo dia, felizmente, não é nada de novo na Cidade Berço. Era preciso algo mais que ligasse os cinco palcos num todo unitário.
Este sábado, os esperados Interpol, tocam a partir das 22 horas. A noite prossegue no Tribuna (o bar do São Mamede), com OITO//OITO e, as "after hours" estão a cargo de Wu-Lu e Anne Prior. Ainda no cartaz deste sábado, é possível ver os barcelenses Glockenwise, no Teatro Jordão, às 00.30.
Domingo, é um dia de bónus que a organização juntou ao pacote, em que vai ser possível assistir a concertos de Ledher Blue, às 18.00 e Capitão Fausto, de borla, no São Mamede CAE.