"Cultura são muitas pessoas diferentes", "cultura popular é fazer vestidos e roupas" ou "património são coisas feitas por pessoas que já morreram" são apenas algumas das inesperadas – mas muitas vezes perspicazes – explicações que podem ser encontradas no "Dicionário miúdo", lançado na quarta-feira.
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A publicação tem como autores as crianças dos agrupamentos de escolas de Braga, que foram ouvidos para explicar o que é para eles a Arte e a Cultura. Pedro Seromenho, responsável pela editora Paleta de Letras, à frente do livro, apresenta-o como um “trabalho colaborativo” entre os mais novos a estudar na cidade e a equipa da Braga 25 – Capital Portuguesa da Cultura.
O trabalho que deu origem a este projeto começou nas escolas, em 2023, em formato de entrevista. Foram ouvidas as crianças do 1.º ciclo de todos os agrupamentos bracarenses.
Foi-lhes questionado o conceito de criatividade, arte contemporânea, gastronomia, entre outros, e as respostas estão agora plasmadas em “dicionário”. No final, há um índice de “ideias simples para conceitos complexos”, em que os adultos responsáveis pela mediação da publicação explicam de forma simples os mesmos conceitos anteriormente apresentados por crianças.
Capa é um jogo
Há ainda uma capa amarela – de tamanho inusitadamente grande – que se transforma num tabuleiro de jogo, que, perante instruções descritas na publicação de forma simples e clara, desafia os pequenos leitores a aprender o que é Arte, jogando. Nas restantes páginas, encontram-se “opiniões sinceras, transparentes e frontais", descreve Seromenho.
O objetivo da publicação é desconstruir temas importantes e mostrar que a Arte e a Cultura podem ser compreendidas por todos. Pedro Seromenho acrescenta ainda que o trabalho de mediação realizado nas escolas foi um "estimular do pensamento infantil". O resultado da reflexão das crianças permite agora a qualquer leitor – principalmente aos adultos – também refletir.
Pedro Seromenho também sublinhou na sessão de apresentação que o livro é candidato a integrar o Plano Nacional das Artes. Para o editor, os conteúdos presentes no “Dicionário miúdo” cruzam-se com os programas letivos vigentes, acreditando que não será difícil este ser utilizado nas escolas. A publicação, que já se encontra à venda para o público-geral, é dirigida a crianças do 1.º ciclo e será apresentada nas escolas que participaram na sua criação.