Numa entrevista, franca e intimista, ao jornal "Público", a apresentadora, que se tornou numa estrela e que projetou a SIC nas audiências, falou sobre temas que nunca tinha abordado e explicou que nunca teve a ambição de fazer prime time. Revelou, também, as dificuldades que enfrenta para apresentar "um produto espetacular todos os dias".
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A conversa com Cristina Ferreira iniciou com o tão contestado telefonema de Marcelo Rebelo de Sousa, na estreia do seu programa. "Foi criticado e eu tive uma pena imensa que as pessoas tivessem essa reação". Aproveitou também para realçar que nada foi combinado e que não compreende o motivo de tanto alvoroço, uma vez que, o presidente da República já "tinha dado uma entrevista ao Manel [Luís Goucha] na semana anterior; como já ligou duas ou três vezes para o programa da Fátima Lopes 'A Tarde é Sua'; ou para a RTP muitas vezes".
É muito difícil ter, todos os dias, um produto espectacular
"O Programa da Cristina" começou com entrevistas marcantes, primeiro com Luís Filipe Vieira, e depois com Filomena, mãe de Rui Pedro. No entanto, revelou que existem dificuldades em manter o nível de excelência. "É muito difícil ter, todos os dias, um produto espectacular do princípio ao fim - tenho essa noção. A dificuldade é que tive uma entrevista à mãe do Rui Pedro, que eu sei que é muito forte, e estas entrevistas não acontecem todos os dias na TV. Somos um país com muito pouca gente. Tive um presidente do Benfica e agora alguém que esteja equiparado é um presidente do F.C. Porto e não tem mais. Ou seja: nós temos de perceber a nossa realidade", revelou.
Os temas polémicos mantiveram-se e a entrevista a Mário Machado no "Você na TV", no programa de Goucha e Maria Cerqueira Gomes, na TVI,veio à baila. Questionada sobre se movimentos de extrema-direita devem ou não ter tempo de antena, Cristina Ferreira respondeu que ele não seria uma escolha sua. "Não o teria trazido ao programa". Mas acrescentou: "Temos de ter algum cuidado com os convidados que escolhemos. Mas acho que de alguma forma têm que ter [espaço]. Temos de ouvir toda a gente. Não podemos deixar é que quem nos ouve não tenha acesso ao perigo de algumas palavras que são ditas".
Enquanto tiver um brilho no olhar por estar na televisão, vou continuar
As raízes da apresentadora, que é da Malveira, também foram abordadas ao longo da entrevista. Cristina diz-se orgulhosa do caminho que percorreu e de onde veio, revelando o que a leva a cultivar o seu lado do "campo": "Porque a maior parte das pessoas quer tirar a grandeza ao povo. Porque não entende que quem nasce num sítio em que, supostamente, vai fazer o que há ali à disposição, possa apanhar o autocarro e vir para a cidade. E na cidade conseguir sobrepor-se a quem aqui está e chegar aonde tinha ambicionado".
Cristina Ferreira revelou ainda que nunca teve a ambição do prime-time e que se algum dia deixar de gostar de fazer televisão, vai embora. "Nunca tive a ambição do prime-time ou de ser a grande apresentadora do país, fui trabalhando. Fui agarrando oportunidades, fui percebendo que havia coisas que gostava de fazer e que a forma como eu fazia resultavam. Enquanto tiver um brilho no olhar por estar na televisão, vou continuar. No dia em que já não me disser nada, vou-me embora", frisou. Contou também que desde a estreia do programa ainda não falou com Manuel Luís Goucha, mas que já recebeu algumas chamadas de pessoas da TVI.