Ator é um dos protagonistas de "Arte", peça de Yasmina Reza, em cena até novembro no Teatro Maria Matos, em Lisboa.
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Cristóvão Campos, Nuno Lopes e Rui Melo, no papel de três amigos, perante um quadro branco; nada mais. Exceto a subjetividade, o ego, a lealdade e o conflito que o simples quadro desperta. "Arte", aclamada peça de Yasmina Reza, está no Teatro Maria Matos de quinta a domingo, até 2 de novembro, com encenação de António Pires.
Desde a estreia em Paris, em 1994, "Arte" tornou-se num fenómeno internacional, pelo retrato acutilante que faz da amizade e da dificuldade humana em aceitar diferentes pontos de vista. Ao JN, Cristóvão Campos explica como o projeto surgiu de um convite da Força de Produção, a resposta sendo fácil: "já conhecia o texto, já o tinha visto em cena e sempre gostei muito, por isso acolhi-o com muito entusiasmo. Era um texto que há muito queria fazer", adianta.
Para o ator português, a construção do texto é "brilhante": "a forma como aborda a subjetividade do gosto, a subjetividade da arte e daí parte para uma reflexão sobre a amizade é algo que não só me faz sentido, como me empolga muito. Tudo é muito bem escrito e dilemático no ponto em que a relação destes três amigos está. Sinto que sou (como seremos muitos de nós) uma mistura dos três - vou saltitando empaticamente entre eles", explica, ainda que interprete Ivo, "o menos assertivo".
Sucesso também por cá
A sinopse é simples: como a compra, por Sérgio, de um quadro branco, com riscas brancas, de um aclamado artista contemporâneo, causa tumulto num grupo. Marco não consegue esconder a sua incredulidade, enquanto Ivo tenta ser conciliador. O que poderia ser apenas uma divergência de gostos torna-se uma batalha de egos, ressentimentos e revelações, mostrando, entre gargalhadas e tensões, o lado imprevisível da amizade. A peça tem sido um sucesso por onde passa e Portugal não será exceção: a estreia foi dia 10 e a resposta já levou ao alargamento da temporada.
Cristóvão Campos acredita ser por se tratar de uma peça "muito divertida", ainda que com temas sérios, sobretudo a amizade: algo sobre o qual, frisa, "todos temos interesse em refletir".