Este fim de semana quer abrir caminhos Portugal fora (pelo menos de Braga a Coimbra). À beira do aniversário da Casa da Música, há um novo roteiro por este lar. Por Serralves, a fotografia e o cinema vêm de estrear.
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Que liberdade e para quem?
Yoseli, Paulita, Carla, Estefanía, Noelia e Ignacio chegam ao fim das suas penas na prisão. Uma vez em liberdade tentam reconstruir as suas vidas, mas veem-se constantemente limitados por um rótulo: o registo criminal. “Los dias afuera” é uma peça de teatro documental encenado por Lola Arias, sequela do filme “Reas”, que anda pelas histórias destas pessoas, que cumpriram a pena em diferentes cadeias argentinas. No Teatro Rivoli, no Porto, esta sexta-feira, pelas 19.30 horas, a 12 euros.
A vez de grandes vozes na Suggia
O Coro Casa da Música, no Porto, recebe na sua residência o Ensemble Vocal Pro Musica e o Coro da Câmara Ivan Filipovic para fazer ecoar a “Missa glagolítica”. Da autoria de Leoš Janácek, é uma peça que celebra a cultura eslava de uma época em que o povo não se via na alçada de um outro. Numa segunda parte, os coros dirigidos por Stefan Blunier vão passar por aquilo que é “o orgulho” da vida de Bruckner (“Te deum”). Há tempo para Max Reger (“Na die hoffnung”), a partir de um poema de Friedrich Hölderlin sobre esperança, na voz da meio-soprano russa Natalya Boeva.
O concerto Grandes Corais Sinfónicos, às 18 horas de sábado, está inserido nos Concertos da Páscoa, e tem um custo compreendido entre os 19 e os 38 euros. Ainda neste dia, mas pela manhã, às 10.30 horas, há “Safáris fotográficos”: uma viagem de descoberta pela selva de ideias arquitetónicas da Casa e de desafio ao olho criativo e artístico com vista à fotografia. A entrada é livre, mas exige inscrição através do site.
Um novo talento na harpa
Frederica Vieira Campos, artista portuense, licenciou-se em harpa pelo Royal College of Music Londres e continua atualmente o seu percurso académico na ESMAE. É no âmbito dos “Novos talentos” que o Teatro Municipal do Porto dá a conhecer a harpista que se apresenta hoje no Rivoli, pelas quatro e meia. Frederica dedica-se à música clássica, mas não só: a improvisação e a música experimental fazem parte do seu trabalho, que muitas vezes se extrapola para a dança e para o vídeo. O repertório desta tarde passa por Debussy, Rosseau e ainda improvisação com harpa elétrica. Este sábado, entrada com um custo de cinco euros.
A eterna necessidade de voltar a Godard
Os “Modos de ver” de John Berger ditam que o olhar é um ato de escolha, e que é dirigido à relação entre as coisas e nós mesmos – não apenas à coisa em si. O cineasta Luís Buñel dizia que esperava de um filme que ele descobrisse qualquer coisa sobre si. No caso do ciclo que é inaugurado esta sexta-feira, “O cinema e o imaginário do museu”, o “próprio” é a arte e o objeto de reflexão é a relação do cinema com ela.
“Bande à part” é o primeiro filme exibido e a sétima longa-metragem do realizador francês. A obra que pôs três jovens a correr Louvre fora reflete uma série de questionamentos e reinvenções das convenções do cinema de Godard.
Também já está disponível na Casa do Cinema Manoel de Oliveira o livro que acompanha a exposição homónima, “Tendo em linha de conto os tempos atuais: Jean-Luc Godard – Obra plástica”, patente no mesmo edifício. Obra dirigida pelo Collectif Ô Contraire!, oferece uma nova visão da relação entre Jean-Luc Godard e as artes visuais, que definiu o desenvolvimento da obra cinematográfica. O ciclo, programado e moderado por Isabel Lopes Gomes, acontece até dezembro deste ano.
Após Londres e Berlim, Zanele em Serralves
Por estes e outros locais de prestígio (como as bienais de Veneza ou Sidney) passou a obra de Zanele Muholi. Inaugurada esta semana, vai estar patente no Museu de Arte Contemporânea de Serralves, no Porto, até 12 de outubro. Através da fotografia, Zanele Muholi explora, com um toque assumidamente ativista, comunidades sub-representadas ou incompreendidas, pondo em evidência injustiças sociais e políticas. A luta das comunidades negras LGBTQIA+ também é evidente na obra de Muholi.
A segunda passagem de Muholi por Serralves (esteve na inauguração da Ala Siza Vieira), mais do que convidar, obriga à reflexão crítica sobre as implicações histórias e culturais da discriminação e opressão sobre os povos africanos.
Lorena Álvarez junta-se ao Projeto Benjamim
Seis dezenas de jovens músicos da Academia de Música de Espinho colaboram anualmente com um artista fora do círculo a que a Academia os habitua. Depois da banda Alright Ghandi, Lena D'Água e Ana Lua Caiano, agora é a vez da asturiana Lorena Álvarez colaborar com o Projeto Benjamim. A música vai ser a duplicar neste fim de semana, 12 e 13 de abril, no Auditório Municipal de Espinho, pelas 21.30 horas. O concerto de domingo já se encontra esgotado.
Época da dança em Coimbra está aberta
A dança contemporânea não passa despercebida no mês de abril pela cidade estudantil. Abril Dança Coimbra (ADC), iniciativa nascida em 2016, promove concertos, exposições ou ainda seminários. O aquecimento para o fim de semana está a cargo do coreógrafo Javier Martín com “O punto impróprio A/S/V”; a combinar movimento, som e imagem em tempo real no Teatro Académico Gil Vicente, questiona “quanto de nós próprios nos é estranho”. Pelas 21.30 horas desta sexta-feira, com um custo de 10 euros.
Já no sábado, o palco é no Convento São Francisco. O dia é preenchido pelo seminário “O que pode ser, afinal, uma dança nova”, seguido do lançamento do livro “Dança não dança: Arqueologias da nova dança em Portugal”. A cereja no topo do bolo de sábado, pelas 19.30 horas, é o espetáculo por Carlota Lagido “Notforgetnotforgive”. Bilhetes entre 6 e 8 euros.
“Salto imenso” é a exposição no Galeria Project Room, do Convento inerente ao ADC. Olha para a cadeira de rodas e para a cadeira comum para contrastar o uso de cada uma – o que limita e o que abre caminhos (neste caso artisticamente). Patente até 15 de junho. De entrada livre.
O surrealismo de Paula Rego
É neste movimento artístico que a pintora portuguesa mais reconhecida internacionalmente melhor se encaixa - o surrealismo. Apesar de uma forte componente académica (estudou na Slade School of Fine Art, em Londres), não a incorporou na sua obra: a figuração era feita pela via da fantasia, do imaginário e foi no surrealismo que encontrou uma forma de expressão que ia de encontro à sua imagética pessoal.
Em Vila Nova de Famalicão, pela Fundação Cupertino de Miranda e pela Fundação D. Luís I, é inaugurada a exposição “Sonhos e metamorfoses” esta sexta-feira. Patente até 4 de janeiro de 2026 na Fundação Cupertino de Miranda.
Sexta e sábado por terras bracarenses
Braga International Video Dance Festival é o que preenche a agenda da Capital Portuguesa da Cultura - Braga 25 nesta sexta-feira. Promove a difusão, aprendizagem e desenvolvimento de trabalhos artísticos coreográficos, com foco no corpo e na tecnologia. É um campo de crescimento de obras interdisciplinares que terá lugar no Gnration, pelas 21.30 horas.
Também no Theatro Circo há dança. “Steal you for a moment” é desenvolvido por Francisco Camacho e Meg Stuart numa colaboração que investiga as lacunas de registos em volta das ruínas Nurágicas da Sardenha. Por 12 euros, às 21.30 horas. Apresentação dupla: sexta e sábado.
Ainda no Gnration, o trio vanguardista de jazz e rock psicadélico Fire! apresenta uma obra especial, gravada ao vivo no estúdio, em fita analógica. Assim é “Testament”, o sétimo álbum dos Fire!, que se vai fazer ouvir este sábado pelas 18 horas.