Da despedida dos palcos de António Chainho, mestre consensual da guitarra portuguesa, ao arranque da temporada do Teatro Municipal do Porto, o fim de semana abre-se a todos os cenários, pronto para ser sorvido em pleno. Assim o queiramos.
Corpo do artigo
Lisboa: do fado de Chainho às pérolas russas
A festa vai ser seguramente bonita (pá!): após viajar por todo o mundo a mostrar o encanto da guitarra portuguesa, António Chainho regressa esta sexta-feira ao local onde tudo começou para um concerto de despedida que, embora se intitule “Lisboa saudade”, será acima de tudo uma celebração. Para ajuda à festa também lá estarão, na Praça do Município, às 21 horas, Ciro Bertini (diretor musical, baixo acústico e acordeão) e Tiago Oliveira (viola de fado), com a participação de Carminho, António Zambujo, Marta Pereira da Costa e Quarteto de Cordas Naked Lunch.
Outros fados é o que nos traz a Prosa – Plataforma Cultural com um ciclo dedicado ao novo cinema russo, com curadoria de Alexandre Braga. Esta sexta e sábado vão ser exibidas “duas histórias dramáticas que relatam a dor e a força dos protagonistas perante a adversidade”: “Sem amor#, de Andrey Zvyagintsev, e “The man who surprised everyone”, de Natalya Merkulova & Aleksey Chupov.
Porto: cheira a nova temporada em todo o lado
No Porto, a palavra por ordem por estes dias é mesmo o começo. A nova temporada do Teatro Municipal do Porto aí está, trazendo consigo duas propostas significativas, para ver nesta sexta e sábado, respetivamente, no Teatro Rivoli e Teatro Campo Alegre: The Köln Concert, a cargo de Trajal Harrell / Schauspielhaus Zürich Dance Ensemble, e “Mal de Ulisses”, de Rui Catalão. Muito distintos na sua abordagem, ambos os espectáculos convergem na procura da identidade e na certeza de que qualquer experiência se quer partilhada.
A cheirar a fresco está igualmente a rentrée do Teatro Nacional São João, cuja proposta inicial está em cena no Teatro Carlos Alberto até sábado. Trata-se de “Homens hediondos”, a adaptação feita por Patrícia Portela do texto original de David Foster Wallace. As “capacidades metamórficas e camaleónicas de Nuno Cardoso” são colocadas à prova numa peça que explora a banalidade do mal.
Ainda sob o signo da renovação, o Coliseu do Porto traz de volta o ciclo de concertos Promenade. Domingo de manhã, o anfiteatro abre portas para a revisitação de “Um americano em Paris”, a obra com a qual George Gershwin professa admiração e fascínio pela designada “cidade luz”. Com direção musical do maestro Cesário Costa, o concerto é interpretada pela Orquestra Sinfónica Ensemble.
É uma das principais apostas do Batalha Centro de Cinema para a reta final do ano e já está em andamento: o ciclo dedicado a Nagisa Oshima proporciona até 15 de dezembro uma dezena de sessões que cobrem as obras mais emblemáticas, como o controverso “O império dos sentidos”, mas também obras menos conhecidas. É o caso de “Max, mon amour”, filme realizado pelo mestre japonês em 1985 com Charlotte Rampling no principal papel.
Coimbra: clássicos de Méliès para todos
Quem estiver por Coimbra não deve passar à margem do cineconcerto que o Teatro da Cerca de São Bernardo apresenta neste sábado, às 11 horas. A pensar nos mais novos, vão ser exibidas as duas películas mais célebres de Georges Méliès: “Viagem à Lua” (1902) e “A Conquista do Pólo” (1912), acompanhadas musicalmente ao vivo por Jorri, Samuel Peruzzolo e Help! Os bilhetes custam cinco euros.
Aveiro: entre a dança e a instalação
A Capital Nacional da Cultura continua a celebrar a diversidade artística através da interseção de géneros. Esta sexta-feira à noite, o Teatro Aveirense exibe o resultado da cooperação artística entre Né Barros e João Martinho Moura. “Edni” é uma performance-instalação “híbrida onde o corpo e a instalação materializam um campo magnético e a relação poética entre o movimento necessário e o gesto desviante”.
Guimarães: ninguém fica de fora do Manta
Já bem conhecido dos vimaranenses e não só, o Manta regressa este fim de semana para mais uma edição. Se o concerto comemorativo dos 25 anos de carreira de David Ferreira é o que deverá atrair mais gente, convém não passar ao lado das restantes propostas. Dos concertos de Malva, Meskerem Mees, Billie Marten e Still Corners, aos DJ set, oficina de experimentação musical e a exibição do novo filme de Rodrigo Areias, a escolha é mais do que variada.