Festival portuense traz cúpula de luxo com Charli XCX, Fountains DC ou Jamie XX. E camadas de surpresa como Glass Beams ou The Dare.
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Cinquenta e um nomes distribuídos por quatro palcos ao longo de três dias, mais um bónus de quatro concertos no domingo. Eis a matemática da edição 2025 do Primavera Sound Porto, que se realiza entre 12 e 15 de junho no Parque da Cidade. Quanto às humanidades, há o habitual equilíbrio de género, com número aproximado de artistas masculinos e femininos. Há diversidade de geografias, mas os maiores contingentes são anglo-saxónicos e portugueses. E há multitude de estilos: do metal ao hip hop, da eletrónica à soul, do indie pop ao orientalismo. Há ainda os nomes garrafais, em busca de recordes de público. E pepitas novas para descobrir. Tudo somado, é mais uma odisseia em que as escolhas serão mesmo necessárias.
Logo no friso principal, está espelhada a diversidade do cartaz. De nomes tumultuosos como Deftones (veteranos do metal alternativo) e Turnstiles (caceteiros do hardcore punk), ao psicadelismo apaziguador de Beach House e à soul de Michael Kiwanuka. Passa-se pela pop musculada e literária de Fountains DC, a eletrónica espacial de Jamie XX, o drill de Central Cee e o folk rock das irmãs Haim. Culminando tudo na estreia em Portugal de Charli XCX, um universo experimental em expansão em pleno território da pop.
Nas segundas linhas, há vários nomes de primeira água: a nova persona do artista conhecido anteriormente como Antony, agora rebatizado Anohni, continua a produzir delicada pop de câmara; os magníficos Tv on The Radio, um dos mais estimulantes números de rock experimental dos últimos 20 anos; o produtor de jazz e eletrónica Floating Points, garantia de elegância e erudição; e o electropop a transbordar de soul dos Parcels.
Entre as bandas menos célebres, especial atenção para Glass Beams, projeto do multi-instrumentista Rajan Silva, australiano com ascendência indiana. Apresentam-se ao vivo com máscaras bordadas e destilam uma combinação de elementos orientais com funk e rock psicadélico – espécie de Khruangbin mais espesso e orgânico. Nota ainda para The Dare, proponente da new rave que já foi produtor de Charli XCX, e para as novas golfadas do universo indie rock de Been Stellar e High Vis.
Quanto à representação nacional, toca também em vários quadrantes do espectro musical: a canção política chega pela voz de A Garota Não; a ironia pop é o terreno de David Bruno; a poesia portuguesa entrançada em rock melódico é a assinatura do trio portuense Nunca Mates o Mandarim; e a pop sofisticada e estabelecida fica a cargo dos Capitão Fausto. Há ainda atuações de Maria Reis e Surma.