Novo documentário "Da Weasel: Agora e para sempre" conta o percurso do grupo de Almada formado nos anos 90 e que iniciou em 2022 uma segunda vida.
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Da garagem aos Coliseus. Foi um percurso improvável para os Da Weasel, grupo português ativo entre 1993 e 2010, que retomou o filme em 2022 e será cabeça de cartaz no primeiro dia do Marés Vivas, em Gaia, a 14 de julho. A história é contada pelos próprios em "Da weasel - Agora e para sempre", documentário assinado por Bruno Martins e realizado por Catarina Peixoto, que está disponível na RTP Play.
Começou tudo no quarto dos irmãos Nobre - Carlos (Pacman e agora conhecido como Carlão) e João (Jay Jay Neige). Numa fase em que as gavetas musicais eram levadas a sério: "O pessoal do metal só ouvia metal, o do hip hop a mesma coisa. Não queriam misturas", lembra Pacman. Azar dos Távoras, porque naquele quarto, além do hardcore de Dead Kennedys ou M.O.D., entrava o hip hop de Public Enemy ou A Tribe Called Quest.
Era do encontro entre esse passado, pesado e rabugento, e as novas sonoridades feitas de rimas e batidas, que se iria definir o som dos primeiros trabalhos dos Da Weasel: o EP de 1994 "More than 30 motherf***s" e o álbum de estreia "Dou-lhe com a alma", de 1995.
A formação inicial contava, além dos Nobre, com a DJ Yen Sung, Armando Teixeira (ex-Bizarra Locomotiva e homem das maquinarias) e João Fagulha. Um grupo eclético, disposto a baralhar as gavetas.
O nome da banda traduzia a vontade de fazer crítica social: "A doninha pode cheirar mal e consegue incomodar", explica Jay Jay. Com o passar dos anos, manter-se-iam apenas os irmãos do grupo original. Os novos membros incluíam DJ Glue, Quakas, Guillaz e Virgul, que Carlão considera ter sido decisivo para "mudar o jogo: trouxe-nos mais musicalidade e um sentido de canção".
Quase sem "air play" nos anos 1990, com exceção da Antena 3, os Da Weasel ganharam notoriedade através de discos que circulavam pelas escolas e em fóruns virtuais. Não precisaram dos guindastes da indústria para se alçarem aos principais palcos do país, incluindo os Coliseus de Lisboa e Porto.
O trajeto é contado entre gargalhadas e reflexões pelos seis membros atuais. E tudo o que remete para ações da banda é protagonizado pelas figuras criadas pelo ilustrador António Piedade.