Banda prepara novo EP, para setembro, voltado para as tradições do Minho, e atua hoje no encerramento das Festas de Lisboa com entrada livre.
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É hoje inegável dizer, sobre os D.A.M.A, que largaram o medo de arriscar ou de pensar fora do óbvio, e que o risco tem compensado. Depois de “Canções bonitas em português Vol I”, EP de sucesso de 2023 que uniu a banda lisboeta ao Cante Alentejano, o “Vol II”, a lançar em setembro, irá buscar influências e inspirações ao Norte do país – primeiro, a “carta de amor ao Alentejo”, agora ao Minho e Trás-os-Montes.
Mas houve outras surpresas, nos novos singles: o primeiro, “Terra da Maria”, a reinterpretação de um original de Roberto Leal; depois, a já viral versão de “Sozinha”, ao lado de Ágata.
Esta noite, o grupo de Francisco Pereira, Miguel Coimbra e Miguel Cristovinho atua em Lisboa, num concerto inédito pelo fecho das festas da capital, com convidados como Ágata, Bandidos do Cante, Buba Espinho e Los Romeros – às 21 horas, no Terreiro do Paço, com entrada livre.
Ao JN, o grupo explicou como esta fase da sua carreira surgiu com naturalidade e tem sido uma aposta ganha, além de um deleite na concretização. “Foi um pouco fruto da nossa idade e de outra maturidade, o ganhar interesse por outras coisas, que ainda não conhecemos.
E esse foi o grande mote do ‘Canções bonitas em português’, foi irmos para o Alentejo, estar com pessoas e músicos de lá e fazer canções inspiradas nessa sonoridade, misturadas com a essência dos D.A.M.A”, explica-nos Cristovinho.
Para o músico, o resultado mostrou ao grupo que, “conseguindo ir à tradição, conseguimos unir o povo e fazer com que uma música que tenha como base o cante faça um algarvio ou um transmontano sentir-se português”, frisa. Ficou também o mote para novo volume, “o mesmo pressuposto, noutra localização, o Norte”. O grupo foi de novo “à procura de inspiração” e encontrou: “encontrámos músicas, sons, coisas tão antigas que nem conseguimos datar, ideias, instrumentos”, referem. Uma busca pelo passado, com um volte-face surpreendente.
Leal e Ágata
“É que o passado também vem ter connosco”, explica Francisco. “Terra da Maria” é um tema de Roberto Leal, que a banda reinterpreta após um desafio do filho do cantor luso-brasileiro. “O Rodrigo veio ter connosco e convidou-nos para participar no álbum ‘Vira do avesso’, homenagem ao legado do pai”, contam. A banda gostou tanto da experiência que pediu permissão para editar a sua versão: “e foi bonito ver o Rodrigo feliz por haver uma banda a dar nova vida às canções”.
Também a colaboração com Ágata, um “encontro de gerações”, surgiu de um repto: “convidou-nos para participarmos num concerto de homenagem e pensámos se seria inusitado, mas somos um pouco contra o que é ou não inusitado. E a Ágata é uma figura icónica”, referem os músicos, que avaliam as oportunidades com “o espaço que pode ser dado à criação”. Francisco resume: “nós procuramos dar-nos à vida e com isso atrair o que há para nós. É o que tem acontecido, demos ao Alentejo e vieram ter connosco, o Vitorino, o cante; depois o Rodrigo veio ter connosco nas fases embrionárias da aventura no Minho… nós tentamos dar-nos à vida e à arte de forma sincera e com amor, e acabamos por atrair coisas boas”, conclui.