Primeira mostra individual em Portugal do artista francês leva o público a viajar pelo universo urbano
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David Douard é uma das revelações dos últimos anos no mundo artístico. Nascido na década de 1980, já participou em importantes exposições internacionais e tem uma carreira já bem consolidada.
"O"Ti"Lulabies", primeira exposição individual de Douard em Portugal, apresenta o vocabulário completo do artista. Crescido nos subúrbios de Paris teve, desde cedo, contacto com o graffiti. Além disso, nasceu numa era de forte expansão tecnológica. Por esse motivo, "a internet é uma fonte onde ele vai buscar várias referências para os trabalhos", explica a curadora Filipa Loureiro ao JN.
Nesta mostra em específico, "ele toca na relação de contacto entre ambientes geográficos que estão muito próximos, a cidade e a periferia, e que permitem ao público refletir sobre contextos sociais, económicos e artísticos".
Ao longo de "O"Ti"Lulabies" reencontram-se vários elementos, como a boca, um olho ou a face. Destaque para o olho, ao qual o artista atribui um duplo significado: "A ideia do olho como um elemento visual que requer a nossa atenção e, por outro lado, a ideia do olho que está sempre presente nas câmaras de vigilância, que nos observam todos os dias", diz a curadora.
Os LCD são outro elemento representado, uma vez que "David recorre muitas vezes a poesia, como forma de expressão daquilo que está a sentir". São monitores que se associam estações de metro e de comboio o que, mais uma vez, remete para um contexto urbano.
Tudo isto é acompanhado por um fundo azul "vídeo", cor com a qual o público convive diariamente nas telas de telemóveis ou computadores, e por uma melodia criada "para uma criança com insónias" - o nome da exposição é também uma referência ao universo infantil.
A mostra, montada numa sala pequena, caracteriza-se por não ter um trajeto único. "Cabe às pessoas decidirem qual o caminho que querem percorrer". Fica patente até 6 de novembro, com curadoria de Filipa Loureiro e Philippe Vergne, diretor do museu.
O"Ti"Lulabies
Museu de Serralves (Porto)
Até 6 de novembro