A estreia do novo filme com o herói da DC Comics impõe uma digressão pelos atores que lhe deram corpo.
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Com novo Batman à porta (a estreia é já amanhã) e com novo ator a dar corpo e alma à personagem - e logo alguém com a popularidade de Robert Pattinson, gerada pela série adolescente "Twilight" -, será curioso fazer uma pequena resenha de todos aqueles que aceitaram o desafio de interpretar o que é, afinal, uma dupla personagem: o herói alado, e Bruce Wayne, a sua identidade no mundo civil, de que guarda segredo. Criada por Bob Kane e Bill Finger, e surgido pela primeira vez na revista "Detective Comics", em maio de 1939, Batman ainda chegou a tempo de ter lugar nos chamados serials. Era esse o reduto das adaptações de personagens de BD, populares mas não levadas a sério, e que nunca atraíam grandes orçamentos por parte dos estúdios. É por isso que não vemos Gary Cooper, James Stewart ou Cary Grant nestes propósitos.
Pelo contrário, é um desconhecido Lewis G. Wilson o escolhido para a primeira representação de Batman no cinema, "Batman", um seriado da Columbia Pictures em 15 partes, estreado em 1943. Tinha apenas 23 anos, foi o primeiro e o mais novo de sempre. Seria substituído por um ator mais veterano, Robert Lowery, no seriado que se lhe seguiu, "Batman & Robin" (1949).
Ainda hoje um dos mais populares Batman de sempre, Adam West foi o protagonista de uma série de televisão que teve início em 1966. As aventuras do herói espalharam-se ao longo de 120 episódios, emitidos até 1968, e deram origem ainda a uma versão para cinema, que se chamou, por cá, "Batman, o Invencível", e a uma série de animação.
Mas a versão pop, colorida e muito bem humorada, deste Batman e do seu Robin deixou a personagem durante mais de vinte anos no esquecimento dos produtores de cinema, receosos de arriscar os seus dólares em algo de mais sério.
Mas um visionário Tim Burton achou que era a hora de produzir uma versão em grande escala das aventuras do herói. Estreado em 1989, "Batman" marca uma época e mostrou que havia público, e de que maneira!, para este tipo de produções.
O Oscar póstumo
Se o filme é recordado pela extraordinária prestação de Jack Nicholson como Joker, Michael Keaton inventou outro paradigma e continua a ser, para muitos, a perfeita encarnação do herói. De tal forma que, três anos depois, a dupla Burton e Keaton voltou para "Batman regressa" (1992), também muito recordado pela Catwoman de Michelle Pfeiffer. O que se lhe seguiu, na carreira do ator, pode ser visto como base de "Birdman", de Iñarritu.
Com um terceiro Batman de Burton a nunca se concretizar, a Warner Bros., grupo a que pertence a DC Comics, ofereceu a Joel Schumacher a realização de "Batman para sempre" (1995), com Val Kilmer a substituir Michael Keaton, depois de se ter pensado em Daniel Day-Lewis, Ralph Fiennes, William Baldwin e mesmo Johnny Depp.
Apesar das qualidades do ator, a química com a personagem não foi a mesma e o que ele pensa desse filme pode ser visto no excelente documentário "Val", em que exibe sem problemas o grave problema de saúde que lhe coroou a carreira. Mas continua a ir a reuniões de fãs, que não esqueceram a sua passagem pelo universo da banda desenhada.
Desastrosa foi a escolha de George Clooney para "Batman & Robin" (1997), de novo de Joel Schumacher. O ator estava a começar a carreira no cinema, depois do sucesso na série "ER - Serviço de Urgência", e não terá sido por sua responsabilidade que o filme não convenceu. A forma viral como se brincou com os mamilos do fato de Batman dá bem a ideia daquilo que Clooney referiu mais tarde, afirmando que tinha ajudado a "matar" o franchising.
Foi necessário outro visionário para a fazer renascer. Christopher Nolan propôs em 2005 "Batman - O início", dando o pontapé de saída para uma trilogia, seguida pelo celebrado "O cavaleiro das trevas" (2008) e "O cavaleiro das trevas renasce" (2012). Para a dupla personagem, outro excelente ator a juntar à lista, um Christian Bale que Nolan descreveu como tendo "o equilíbrio exato entre luz e trevas de que estávamos à procura". O segundo filme da série valeria um Oscar póstumo a Heath Ledger, pelo seu fenomenal Joker.
Chegamos assim a Robert Pattinson. O que vale o ator e o seu Batman, para ver a partir de amanhã nas salas de cinema.