Sem qualquer hipérbole, nem favor, os Pearl Jam estão de regresso ao auge com "Dark matter", 12º disco da histórica banda.
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O mais recente disco dos Pearl Jam leva-nos de volta a um terreno confortável onde nós (e eles) nos sentimos em casa e onde reencontramos todas as características que os tornaram num fenómeno mundial. Aliás, “Dark matter” é quase um “best of” dos 11 anteriores discos e estados de espírito dos derradeiros sobreviventes da época dourada do grunge: das baladas às explosões punk, passando pelas melodias “feel good” e o “power rock”.
São os mesmos Pearl Jam que há 33 anos, desde o icónico “Ten”, nos aquecem nos invernos e nos alegram nos verões; nos fazem emocionar no escuro do quarto e pular sob as luzes dos bares. “Dark matter” tem os refrões orelhudos, os crescendos empolgantes, a voz potente e quente, os riffs poderosos e distorcidos e as guitarras a fazer arrepiar os pêlos dos braços. São os mesmos Pearl Jam de sempre, agora rejuvenescidos pela produção de Andrew Watt (34 anos) que, sem desrespeitar as raízes da banda, os temperou com uns pozinhos de frescura.
É um disco que emocionalmente vagueia por diversos territórios, mas que consegue sempre soar sincero e genuíno. São um grupo de cinquentões e até talvez já sexagenários que mantêm uma invejável intensidade e capacidade de foco. Talvez seja esse o segredo para o seu sucesso e para a sua sobrevivência. Não só como banda, mas também como seres humanos, pois são os únicos que restam vivos e ativos da cena de Seattle dos anos 90.
“Dark matter” terá demorado apenas três semanas a gravar. Saiu de rajada porque nota-se que veio do coração, porque queria e tinha de sair. “Estamos numa fase das nossas vidas em que podíamos fazê-lo ou podíamos não fazê-lo, mas ainda nos preocupamos em lançar algo que tenha significado e, confiantemente, pensamos que é o nosso melhor trabalho. Sem hipérbole, penso que é o nosso melhor trabalho”, considerou Eddie Vedder numa recente entrevista. Talvez não seja o melhor. Possivelmente até não é. Mas, de maneira alguma, será uma hipérbole. Não há exagero, nem favor. Não será o melhor álbum, mas anda lá perto, muito perto.