A comunicação de António Costa teve um efeito imediato: a confirmação do regresso do Festival Internacional de Teatro de Expressão Ibérica (FITEI) em versão híbrida: digital e presencial. "Vamos poder ter um FITEI misto, que decorrerá de 1 a 16 de maio, com os 14 espetáculos presenciais que tínhamos planeado", anunciou, ao JN, Gonçalo Amorim, diretor artístico do certame.
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O certame teve de cancelar a sua edição no ano passado com o confinamento geral imposto pela pandemia. Este ano o FITEI já tinha anunciado que se iria realizar, "até porque os teatros estão caóticos com os reagendamentos", como explicou Gonçalo Amorim. A dúvida residia no formato dado que estavam "em cima da mesa planos A, B e C , como tem acontecido desde o início da pandemia" explicou o responsável.
A reabertura dos teatros, das salas de cinema e de espetáculos fica reservada para 19 de abril. Na mesma data poderão ser retomados os eventos no exterior, ainda que sujeitos a aprovação da Direção-Geral da Saúde.
O primeiro marco de um desconfinamento cultural que será processado por fases, e que foi anunciado ontem à noite pelo primeiro-ministro, António Costa prevê que as livrarias, as bibliotecas e os arquivos podem reabrir já na segunda-feira, permitindo a reposição de 34% do mercado livreiro, segundo números avançados, no final de fevereiro, pela Associação Portuguesa de Editores e Livreiros (APEL).
Museus, monumentos, palácios e galerias de arte abrirão um dia depois da Páscoa, a 5 de abril. Os grandes eventos interiores e exteriores terão de esperar até 3 de maio e por novas regras.
Rui Galveias, do CENA-STE, Sindicato dos Trabalhadores de Espetáculos, Audiovisual e Músicos, foi mais cauteloso na reação. "Sabíamos que ia ser um processo longo, mas mais do que as medidas sanitárias, que cabem à DGS, é importante assegurar a dignidade dos trabalhadores, para os quais estamos a pedir medidas de emergência há um ano. Há situações de pobreza insustentáveis".
Ontem de manhã, no debate sobre a renovação do estado de emergência, Inês de Sousa Real, do PAN, já deixara o alerta: "o tempo escasseia no setor da cultura, são necessários planos detalhados". Mariana Silva, d"Os Verdes, corroborou: "É de cultura que precisamos".
Insatisfeito com a apresentação de António Costa, Pedro Fidalgo Marques, da Plataforma Dança, lamentou que, mais uma vez, o Governo não tenha sido claro em relação ao ensino das atividades artísticas. "Não sabemos onde vamos enquadrar-nos", disse ao JN. E vincou: "há mais de um ano que estamos a pedir esta diferenciação".
A maioria das atividades culturais ficou suspensa em março de 2020. Em junho, reabriram algumas instituições, mas com regras apertadas. No outono, as salas de espetáculos foram sujeitas a horários curtos, chegou a haver teatro às seis da manhã. Em janeiro deste ano, a cultura voltou a encerrar e ainda não é claro quando poderá abrir totalmente.