Um desentendimento entre os partidos representados no parlamento regional impediu hoje, sexta-feira, que a Assembleia Legislativa dos Açores aprovasse um voto de pesar pelo falecimento de José Saramago.
Na origem do problema esteve o teor do voto de pesar, redigido por Aníbal Pires, deputado regional do PCP, que mereceu o reparo do PSD, CDS/PP e PPM, alegadamente por causa de uma referência à militância comunista de José Saramago.
A intenção era que este voto de pesar fosse apresentado pelo presidente da Assembleia Legislativa Regional, Francisco Coelho, na parte final dos trabalhos da sessão plenária de Junho, que terminou hoje.
O Regimento da Assembleia determina, no entanto, que a apresentação do voto nessa altura teria que ser aprovada por unanimidade, uma vez que o período reservado à apresentação e votação de votos é o início e não o final dos trabalhos.
Aníbal Pires afirmou que o PSD "não aceitou alterar a ordem de trabalhos para que o voto fosse votado hoje", alegadamente pelo facto de o documento referir que José Saramago era "militante do PCP".
Por seu lado, António Marinho, líder da bancada parlamentar do PSD, salientou que o motivo da contestação "não era apenas esse", mas também outras referências do documento, que não quis especificar e que não terão permitido que o voto fosse apresentado em representação de todos os partido.
