Contra todas as expectativas, pelos menos das casas de apostas, Portugal vai à final da Eurovisão. Na primeira semifinal do Festival Europeu da Canção, que aconteceu hoje em Basileia, na Suíça, o tema “Deslocado”, defendido pelos madeirenses Napa, conseguiu um dos dez lugares de ouro.
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Dos 15 nações representadas, foram apuradas a Noruega, Albânia, a Suécia, a Islândia, os Países Baixos, a Polónia, São Marino, a Estónia, a Ucrânia e Portugal.
Quinta-feira, há nova semifinal e no sábado, 26 finalistas competem pelo título que Portugal só venceu uma vez: há oito anos feitos hoje, com Salvador Sobral e “Amar pelos dois”.
“O maior palco do mundo”
Esta noite, a Suíça, o berço da Eurovisão - onde tudo começou e o primeiro festival aconteceu há 69 anos – acolheu um desfile de temas com bases maioritariamente eletrónicas. Houve andaimes, danças, fogos, fatos extravagantes, cenários a imitar restaurantes, coreografias e equilibrismos.
Antes da sua atuação, os madeirenses Napa haviam partilhado, nas redes sociais: “Estamos prestes a entrar no maior palco do mundo, representando Portugal e todos os "Deslocados". Muito obrigada pelo enorme apoio e por tornarem isto possível”.
Em cena, muito aplaudidos no final da atuação – que aconteceu em sétimo lugar –, Guilherme Gomes, João Lourenço Gomes, João Rodrigues, Diogo Góis, Francisco Sousa e André Santos, todos co-autores do tema, saíram de palco abraçados, agradecendo novamente à Europa, em inglês e português.
“Deslocado”, cuja letra remete a todos os que estão longe de casa, a trabalhar ou a estudar, é há meses presença constante nos tops nacionais do TikTok e Spotify, muito partilhado sobretudo devido à
letra, uma ode ao sentimento de não pertença a quem, como os elementos do grupo, se mudou para uma grande cidade.
Antes desta semana de Eurovisão, a música já tinha sido alvo de covers por outros concorrentes ou pelo ex-vencedor Salvador Sobral, mas o aparente hype era contrariado pelas casas de apostas, com os Napa a partir para a cerimónia em 33º lugar entre os favoritos, em 37 candidatos, sendo possível a sua eliminação – o que acabou por não acontecer.
Mais canções para apurar
Esta noite, além dos concorrentes, foram também conhecidas as canções da Espanha, Itália e Suíça, já qualificadas.
Houve também um momento de homenagem a Celine Dion, que venceu o Festival Eurovisão da Canção pela Suíça em 1988, com 20 anos. A cantora enviou uma mensagem gravada e o tema de então, “Ne partez pas sans moi”, foi interpretado por quatro concorrentes do ano passado escolhidos pela organização, incluindo a portuguesa Iolanda.
Na quinta-feira, 15 de maio, há nova semifinal, desta feita com 16 países: Austrália, Montenegro, Irlanda, Letónia, Arménia, Áustria, Grécia, Lituânia, Malta, Geórgia, Dinamarca, República Checa, Luxemburgo, Israel, Sérvia e Finlândia.
Depois dos apuramentos, apenas 26 canções estarão na final de sábado: as dos 20 países escolhidos, da anfitriã Suíça, e dos Big Five Alemanha, Reino Unido, França, Espanha e Itália.
Os favoritos
Entretanto, há dias que Basileia se veste de festa, acolhendo milhares de turistas e visitantes que se juntam em espaços na cidade criados para o efeito, como o Eurovision Village, Eurovison Square, ou vários Euroclubs.
No entanto, tal como aconteceu no ano passado, o conflito israelo-palestiniano volta a marcar o evento, havendo apelos de vários ex-concorrentes à sua não participação e tendo já havido protestos no primeiro desfile oficial do passado domingo.
O país marca presença na segunda semifinal, com o tema “New day will rise” de Yuval Raphael, uma sobrevivente do ataque do Hamas ao Festival Nova, a 7 de outubro de 2023. Apesar da polémica, a canção israelita é a quarta favorita nas apostas, precedida apenas pelos candidatos tidos como mais fortes: em primeiro, a Suécia, com o vibrante “Bara Bada Bastu” dos KAJ, tema pop-techno em sueco com um contagiante ambiente folclórico, que atuou hoje e ficou apurado.
Em segundo nas apostas, está a Áustria, com JJ e a sua balada ‘ópera-pop’ “Wasted love”. Em 3º, a França, com a lusodescendente Louane e “Maman”, uma carta da artista nascida em França à sua mãe, Isabel Pinto dos Santos, luso-brasileira que faleceu quando a cantora tinha apenas 17 anos.