Pelo segundo ano consecutivo, tem lugar o Palestina Cinema Days, celebrado a 2 de novembro, aniversário da Declaração de Balfour, que estabelecia as bases para a criação do estado de Israel, mas clara e assumidamente “sem prejudicar os direitos civis e religiosos de comunidades não-judias que já ali se encontrassem".
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São mais de 250 projeções, em cerca de 50 países em todo o mundo, da Argélia aos Estados Unidos, do Bangladesh à África do Sul, das Filipinas ao Quénia, da Turquia aos Emiratos Árabes Unidos, num programa composto por oito documentários.
Portugal associa-se, com a exibição ao longo do dia de hoje de projeções em oito cidades, de norte a sul do país, ilhas incluídas. Um conjunto de filmes com olhar diferente seguramente do que nos é oferecido pelos órgãos de informação e pelas redes sociais um pouco por todo o mundo, que distorcem ou ignoram as narrativas palestinianas.
No filme “Aida Returns”, a realizadora Carol Mansour filma a mãe, que luta com o Alzheimer e a correspondente perda de memória, “regressando” imaginariamente à sua terre de origem. Um tributo ao passado e uma tentativa de restaurar a memória coletiva e individual daqueles hoje impedidos de voltar. “Eleven Days in May”, de Michael Winterbottom e Mohammad Sawwaf, é um diário, narrado por Kate Winslet, sobre os onze dias de maio de 2011 onde pelo menos 67 crianças foram mortas em Gaza.
“Infiltrators”, de Khaled Jarrar, é um road movie visceral que documenta o trabalho quotidiano dos palestinianos na busca de estradas por onde possam circular sem serem constantemente obrigado a parar numa imensa teia de barreiras. Por seu lado, “Little Palestine, Diary of a iuege”, de Abdallah Al Khatib, foca-se no maior campo de refugiados palestinianos do mundo, Yarmouk, cercado pelo regime de Al-Assad após s Revolução Síria, mostrando a coragem dos seus habitantes num cenário de permanente privação.
Em 1948, a aldeia palestiniana de Ma’loul foi destruída pelo exército israelita e os seus habitantes obrigados a instalarem-se em outros locais. Desde então, são apenas autorizadas a regressar ao local uma vez por ano, no aniversário da ocupação. O filme “Maloul Celebrates its Destruction” acompanha, pela câmara de Michel Khleifi o piquenique que se tornou uma tradição neste mesmo dia.
Em “Naila and the Uprising”, de Julia Bacha, acompanha-se o percurso de Naila Ayesh e de uma corajosa comunidade de mulheres que participaram numa das mais vibrantes e pacíficas mobilizações da história da Palestiba, a primeira Intifada, no final da década de 1980.
Mais teórico e académico, “Resistence, Why”, de Christian Ghazi, é um relato de várias figuras palestinianas a residir no Líbano sobre os destinos do seu povo durante o século XX. Finalmente, num registo do quotidiano, “The Wanted 18”, de Amer Shomali
e Paul Cowan, mostra-nos como uma pequena comunidade palestiniana comprou 18 vacas e deixou de comprar leite a Israel.
O programa para hoje em Portugal
Almada
Infiltrators (Espaço Acome, 19h00)
Angra do Heroísmo
The Wanted 18 (Sociedade Filarmónica de Instrução e Recreio dos Artistas, 18h00)
Naila and the Uprising (Sociedade Filarmónica de Instrução e Recreio dos Artistas, 19h30)
Aveiro
Eleven Days in May (Locomotiva 14, 14h30)
Little Palestine, Diary of a Siege (Taberna do Rockabílio, 17h30)
Naila and the Uprising (VIC Aveiro Arts House, 21h00)
Braga
Naila and the Uprising (Sé la Vie, 18h00)
Resistance, Why (Sé la Vie, 19h30)
Faro
Naila and the Uprising (Cineclube de Faro, 17h30)
Lisboa
The Wanted 18 (Casa do Comum, 15h00)
Porto
Resistence, Why (Gato Vadio, 16h00)
Setúbal
Naila and the Uprising (Casa da Cultura, 19h00)
