Festival de Marionetas do Porto arranca esta sexta-feira com um intenso programa já este fim de semana. O programa estende-se até ao dia 15.
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“Memória, imagem e manipulação” são os motes da edição deste ano do Festival Internacional de Marionetas do Porto (FIMP) que abre esta sexta-feira e se prolonga com o grosso da programação até dia 15. Para consubstanciar o tema, tem hoje estreia absoluta, às 21.30 horas, no Rivoli, a produção “Armazém 88”, do Teatro de Marionetas do Porto. “É uma produção sobre o acervo de João Paulo Seara Cardoso”, conta ao JN Igor Gandra, diretor artístico do festival.
Isabel Barros, diretora artística da companhia, explicou ao JN que o título da peça é referente ao “armazém onde estavam guardadas as marionetas de João Paulo [Seara Cardoso] e o número 88 é relativo à data de início da companhia que celebra este ano 35 anos”. No elenco não há ninguém que tenha trabalhado com Seara Cardoso, e, quando retiraram as marionetas do armazém, “deram-lhes uma nova vida”, detalha Isabel Barros.
Mas, para quem acompanhava o trabalho deste verdadeiro mestre, falecido em 2010, com 54 anos, este será também um exercício de memória, já que serão reconhecíveis as marionetas das peças “Paisagem azul” e “Terceira estação”, assim como o acompanhamento feito comigo, com o Mário Moutinho e com o músico com que trabalharam.
Destaques do fim de semana
Logo após a estreia, o Café do Teatro Rivoli será palco, esta sexta-feira, de “Arquivo Zombie: O arquivo morto-vivo do Teatro de Ferro”, e, no Foyer do Rivoli, o público pode visitar durante todo o Festival a exposição “A Tarumba: 30 anos ou a vida secreta”.
Além destas mostras, há várias formações em que os espectadores podem participar. A masterclass de Pauline Kalker já está lotada, mas ainda é possível inscrever-se na aula de Jacek Malinowski e na de Xavier Bobés.
Os Fimpalitos, workshop de construção e manipulação de marionetas, dada a sua intensa procura, têm, nesta edição, oferta reforçada e ainda há algumas vagas para o fim de semana.
Os Fimpalitos vão também estar em destaque com uma mostra no Teatro Constantino Nery, em Matosinhos, onde se exibem exemplares dos últimos anos.
Nos destaques do primeiro fim de semana, Igor Gandra aponta o espetáculo familiar “Horizonte”, da companhia Limite Zero, que vai a palco no Teatro Carlos Alberto, sobre a capacidade de superar dificuldades.
No Teatro do Campo Alegre estará em cena o espetáculo “Our empire”, dos Hotel Modern e Arthur Sauer, um cruzamento entre marionetas e cinema.
“É um espetáculo que decorre num arquipélago indonésio, e é sobre o passado colonial holandês, mas onde há um encontro com portugueses que não corre lá muito bem”, desvela Igor Gandra. Acrescentando que se trata de um resgate da “memória histórica, onde somos sujeitos à história e sujeitos da própria história”.
Ainda nas saliências para este primeiro fim de semana, está também a “revisitação do texto a ‘A cidade e as serras’”, na produção “A cidade e os sonhos”, que une João Garcia Miguel com a companhia Alma d’Arame. A produção tem uma récita única no domingo, no Teatro Constantino Nery, em Matosinhos.