Pedro Teixeira é Gabriel, um homem em busca da família desaparecida e de saber porque há outra que desconhece quando chega a casa. "Irregular" é a terceira realização de Diogo Morgado, depois de "Malapata" e "Solum", filmes escritos e produzidos com o irmão, Pedro Morgado.
Corpo do artigo
O ator e realizador explica alguns dos mistérios de "Irregular"...
O filme tem uma estrutura complexa. Foi um risco ou um desafio?
Eu e o meu irmão somos pessoas muito diferentes e queríamos um filme que satisfizesse ambos. A intriga começou por ser minha, depois a estrutura foi para ele, depois voltou para mim. Mas acreditamos que o cinema português pode ser dinâmico. O nosso foco era, sempre que levantávamos uma questão ou um conflito, ter um sítio onde o resolver.
Porquê o título "Irregular"?
A narrativa é linear, deixa de ser linear, salta no tempo, anda para trás, anda para a frente. Nenhuma das personagens é só uma coisa, todas têm uma verdade e é o conflito entre essas diferentes verdades que cria a intriga.
A personagem central está em permanente desespero.
É alguém a quem foi retirada a coisa mais preciosa, a família. Na viagem pela busca da verdade desta personagem tropeçamos em emoções, sentimentos e temas que nunca foram tão pertinentes como hoje.
São emoções que se vivem muito na vida de um ator?
Quem faz o exercício emocional de se pôr na pele de pessoas, com conflitos e histórias que não são as nossas, fica numa posição muito vulnerável do ponto de vista emocional e psicológico.
Porquê o Pedro Teixeira para protagonista?
Precisávamos que o Gabriel tivesse um lado emocional, mas que também fosse rasgado. O Pedro é da margem sul, tal como eu, sabia as origens dele, quando lhe dizia determinadas coisas não precisava de mais nada. Cinco minutos depois de ler o guião estava-me a dizer: "Embora, vamos fazer isto".
O filme estava pronto antes da pandemia.
Podíamos ter estreado o filme na televisão e colmatar o investimento, mas preferimos sacrificar esse investimento para que agora chegue às salas de cinema. A nossa luta não é fazer conteúdos, filmes para o ego, a nossa luta é diversificar, procurar que o cinema independente tenha hipóteses de existir no mercado.
Como é que se consegue produzir em Portugal de forma independente?
Há investimento próprio e privado, há investidores que dependem do sucesso do filme. É um modelo que se faz lá fora e não existe em Portugal. Nós acreditamos que é possível. Que devagar conseguimos trazer o público para outro género de cinema. Otimismo ou utopia? Até que um dos dois caia, nós vamos tentar.
O "Amo-te Teresa" tem mais de 20 anos. O jovem Diogo Morgado já aspirava a ser realizador?
Em criança ficava horas a ouvir as histórias dos meus avós. Foi um filme que mudou a minha vida, o "Forrest Gump" do Robert Zemeckis. Mais forte do que querer estar no lugar do Tom Hanks, era saber quem é que contava aquilo tudo. Esse é que era o tipo que eu queria ser. v