É a primeira vez que o cantor Diogo Piçarra atua em nome próprio na sala, para apresentar "South side boy", num concerto há muito adiado. O JN esteve com o artista no ensaio geral.
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Longe vão os tempos em que se apresentava como um miúdo tímido no palco do "Ídolos", programa que viria a ganhar. Se há o "american dream", também haverá um sonho português e Diogo Piçarra é um dos seus melhores exemplos: descoberto num concurso de talentos em 2012, chega agora, 10 anos depois, a duas das maiores salas do país, a Altice Arena em Lisboa, e o Multiúsos de Guimarães.
Os concertos estão marcados para amanhã, em Lisboa; e uma semana depois, dia 8, na Cidade Berço, onde ainda há bilhetes. Não foi fácil chegar aqui: o mega-espetáculo de Lisboa foi sucessivamente adiado pela pandemia, mas o cantor nunca esteve parado.
Além de compor e editar, 2022 foi um ano de digressão massiva pelo país, a mesma que chega agora a Lisboa, ainda que com contornos especiais.
"Preparadíssimo"
Para o concerto da capital em particular, ainda que o de Guimarães seja na essência semelhante, Diogo Piçarra está a preparar a sua maior produção de sempre, a nível cénico. Em palco estará acompanhado pelo seu habitual trio de músicos: Francisco Aragão, Filipe Cabeçadas e Miguel Santos.
Além das canções do álbum "South side boy" e temas novos, não faltarão no alinhamento todos os êxitos que o têm projetado como um dos maiores artistas pop nacionais, como "Tu e eu", "Dialeto" e "Paraíso".
A noite tem tudo para ser especial, garantiu Piçarra ao JN, dias antes da Altice Arena. No ensaio geral, onde alguns fãs com bilhete especial puderam assistir a toda a preparação para o momento, percebeu-se como a máquina está toda alinhavada e ensaiada - o que não impede o nervosismo. "Há sempre nervos, mas está tudo preparadíssimo, ensaiado, o que ajuda muito. Vai haver sobretudo ansiedade para que comece, porque já estamos à espera disto há muito tempo", contou.
Uma pandemia e adiamentos sucessivos depois, "chegar a este dia é uma sensação de alívio, quase de vitória. O concerto foi adiado durante anos, houve quem comprasse bilhete em setembro de 2019 e não só para mim, mas também para essas pessoas, foi uma espera tão longa. Houve quem tivesse 15 anos e agora tenha 18, quem tenha entretanto sido pai", lembrou - como o próprio.
De 2019 para 2022 não é só o público que está diferente; o próprio espetáculo também manteve a sua base, o conceito e desenho de palco, mas entretanto houve músicas novas lançadas e algumas novidades. "E ainda bem, pois o alinhamento está mais enriquecido", confessa.
Digressão pela Europa
Os convidados incluem nomes como Bispo, Carolina Deslandes e o espanhol António José: músicos "que fizeram parte não só destes anos de carreira mas também da minha vida. Tenho uma grande amizade com eles e acho que faz sentido", explica o cantor.
"Gostava de convidar muitos mais, todos com que já trabalhei, mas faz sentido porque raras vezes atuei com a Deslandes e o José. O Bispo foi parte destes anos, estivemos próximos, fizemos o "Monarquia", ficou uma grande amizade", conta.
As primeiras partes ficam a cargo de Ivandro em Lisboa e Bispo e Anselmo Ralph para Guimarães. Sobre Ivandro, Diogo explica que é outro grande amigo "e faz sentido porque está a ter muito reconhecimento e vai ser uma boa abertura. As pessoas vão adorar e cantar do principio ao fim".
Quando a "tour" terminar, Piçarra parte para a Europa: "Vou a Espanha, Paris, Luxemburgo e Londres em acústico, só eu e a "loop station". Aí vou apresentar-me de outra forma num formato que se chama "vem cantar comigo" e onde convido um músico", relata.
Chegar a outros públicos é o próximo passo para o cantor: "Adorava ter a oportunidade de tocar mais vezes fora de Portugal. No Brasil, onde ainda não tive um grande concerto, EUA, países de língua oficial portuguesa... gostava de ter esse contacto com o público. E espero que isso tudo aconteça agora, que a pandemia deu tréguas", conclui.