Estreia-se esta quinta-feira nos cinemas “No other land”, documentário feito por realizadores da Palestina e de Israel. Está nomeado para um Oscar.
Corpo do artigo
A chegada às salas de cinema portuguesas, esta quinta-feira, de “No other land” não poderia ser mais atual. O filme é candidato ao Oscar de Melhor Documentário (a cerimónia de prémios é a 2 de março), foi filmado em Masater Yatta, na Cisjordânia, em território palestiniano, e tem como autores um coletivo de realizadores, composto por ativistas palestinianos e um jornalista israelita (Yuval Abraham, Basel Adra, Hamdan Ballal e Rachel Szor).
O facto, ao mesmo tempo real e simbólico, sublinha a importância da existência de dois Estados na região, situação reclamada pela quase generalidade da comunidade internacional, recordada há dias quando alguém que se julga acima de tudo e de todos – Donald Trump – sugeriu que os palestinianos fossem alojados noutros países, para dar lugar à construção, em Gaza, de uma nova Riviera do Médio Oriente…
“No other land” foi filmado entre 2019 e 2023, antes do atentado do Hamas em território israelita que “validaria” a atual ofensiva militar daquele país na Faixa de Gaza, que vitimou já cerca de 50 mil palestinianos, sobretudo mulheres e crianças, até ao recente, mas ainda muito periclitante, cessar-fogo.
Mas se estes factos são do conhecimento público, através do que vai sendo filtrado pelas televisões, o que vemos em “No other land”, na tremenda extensão da sua violência, é algo a que o nosso olhar não está habituado. São cenas chocantes, mas qualquer semelhança com a ficção é pura coincidência: o que aqui vemos é documental, é mesmo real.
O que o filme documenta é a expulsão forçada e brutal de famílias inteiras de um território que é seu há séculos, assistindo à destruição das suas casas e mesmo ao assassinato a sangue-frio de alguns dos seus, às mãos do exército israelita, com a “justificação” de ali ter de ser construído um novo complexo militar.
É a destruição, organizada e sistemática, de um povo e de uma cultura. A isto normalmente chama-se genocídio!
“No other land” não é só um impressionante documentário. É já um dos melhores filmes do ano.