Os projectos de arquitectura de requalificação do Estaleiro do Ouro, Porto, e de remodelação e ampliação do Hospital Sousa Martins, Guarda, vão representar Portugal na 9.ª Bienal Internacional de Arquitectura de São Paulo, Brasil, a partir de 2 de Novembro.
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Entre 251 projectos inscritos, o Comité Internacional de Selecção para a Exposição Geral de Projectos da 9.ª Bienal escolheu 140, entre os quais estes dois da autoria de arquitectos portugueses, de acordo com a página do evento, que decorrerá até Dezembro no edifício da Oca, no parque de Ibirapuera, da autoria do famoso arquitecto Óscar Niemeyer.
O projecto de requalificação do Estaleiro do Ouro é da autoria da dupla de arquitectos Tiago Vidal/Isabel Carvalho, os dois com 36 anos, que, em 2007, decidiram participar num concurso de ideias e saíram vencedores, com o desenho de criar "um órgão de marés" naquela zona ribeirinha do Porto.
Também o projecto de remodelação/ampliação do Hospital da Guarda, da autoria dos arquitectos Ilídio e Sara Pelicano (pai e filha, com 66 e 36 anos, respectivamente) venceu um concurso de concepção, em 2008, e a obra já se encontra "em fase final de acabamentos".
Em declarações à Lusa, Isabel Carvalho afirmou que o facto do projecto ter sido seleccionado nesta Bienal Internacional demonstra que "o trabalho, que já dura há quatro anos, foi reconhecido".
O projecto "evoluiu" desde que venceu o concurso de ideias e actualmente encontra-se "em fase de estudo prévio".
A dupla de arquitectos leva a São Paulo um projecto que prevê a requalificação daquela zona do Porto, com a construção de um instrumento musical (órgão) que funciona através das marés do rio Douro.
"A nossa ideia foi transformar o estaleiro do Ouro, que foi desactivado em 2005, numa nova centralidade e não apenas em mais um espaço urbano requalificado", disse, acrescentando que o trabalho está a ser desenvolvido com o apoio do músico Paulo Vaz de Carvalho, do engenheiro Silveira Ramos e do organeiro Dinarte Machado.
Para Isabel Carvalho, este projecto é "uma proposta ecológica, sustentável e inovadora" e a equipa envolvida, bem como a Administração dos Portos do Douro e Leixões, promotora do concurso de ideias, estão "muito entusiasmados para que o projecto de instalar um instrumento que toca com maré cheia seja construído".
O projecto prevê a construção de um anfiteatro "ao ar livre, solto das margens e suspenso no rio", um lugar onde será "instalado o órgão clássico", bem como uma zona de esplanada, onde "o ar captado sobre pressão" poderá ser utilizado de forma lúdica.
Já o projecto da unidade hospitalar da Guarda, cuja obra deverá estar concluída "no final do ano", segundo Sara Pelicano, surgiu da ideia de que "a remodelação e ampliação não se limitasse ao conjunto edificado, mas que se estendesse ao parque de saúde na sua globalidade".
Adiantando que a participação na Bienal Internacional representa também "um reconhecimento" pelo trabalho sério que tem sido desenvolvido", a arquitecta frisou que para o gabinete de arquitectura, fundado pelo seu pai "há 30 anos", "é um grande orgulho" e poderá ser "uma oportunidade de mostrar aos investidores (brasileiros) que o trabalho desenvolvido é reconhecido, tem qualidade".
Neste projecto, adiantou, o objectivo foi "devolver o parque, que inclui um jardim protegido de sequóias, e o próprio edifício hospitalar à população".
O projecto permite reduzir a presença automóvel no local, através da anulação do estacionamento à superfície, criar percursos pedonais contínuos, bem como criar pátios de larga escala no interior do edificado.