Com uma carreira de seis décadas e 150 filmes, ator desaparece aos 88 anos. Teve “uma vida bem vivida”, recordou o filho Kiefer Sutherland.
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“É com um coração pesado que vos digo que o meu pai, Donald Sutherland, morreu. Pessoalmente, acho que foi um dos mais importantes atores da história do cinema”. Foi deste modo que o ator Kiefer Sutherland anunciou esta quinta-feira, através das redes sociais, a morte do seu pai, Donald Sutherland, aos 88 anos.
Vítima de doença prolongada, o ator, nascido no Canadá, protagonizou uma longa carreira, durante a qual, como recordou o filho , “nunca se deixou intimidar por um papel bom, mau ou feio. Amava o que fazia e fazia o que amava, e ninguém pode pedir mais do que isso. Uma vida bem vivida”.
A versatilidade, referida por Kiefer Sutherland, foi uma das marcas da carreira de seis décadas de um intérprete que conseguia ser convincente nos mais variados géneros, como dramas, filmes de guerra, thriller, terror ou ficção científica, mas também em diferentes registos, fossem papéis como protagonista ou secundários.
Oscar honorário
Os estudos em Engenharia não foram suficientes para Sutherland apagar a ambição de ser ator. Em busca do sonho, trocou em 1957 a pequena cidade de Saint John, no condado de New Brunswick, por Toronto, onde se dedicou ao teatro. A mudança para Inglaterra, no início dos anos 1960, saldou-se inicialmente por papéis irrelevantes em pequenas produções.
A estreia no grande ecrã aconteceu em 1964, com o discreto “Terror no castelo dos mortos-vivos”, mas o momento da viragem aconteceu três anos depois. Num elenco que incluía nomes como Charles Bronson, Lee Marvin, John Cassavetes ou George Kennedy, deu nas vistas em “Doze indomáveis patifes”, realizado por Robert Aldrich, em 1967.
No início da década de 70 entrou num dos filmes de guerra mais marcantes da segunda metade do século XX, “M.A.S.H.”, de Robert Altman, no qual encarnou Hawkeye Pierce.
150 filmes no currículo
Estava lançado em definitivo para uma carreira de fulgor. A longuíssima lista de filmes em que participou - mais de 150 - inclui obras tão variadas como “A invasão dos violadores”, de Philip Kaufman, “Gente vulgar”, de Robert Redford, ou “Buffy, caçadora de vampiros”, de Fran Rubel Kuzui.
Quando, em 2019, numa homenagem no Festival de San Sebastian, no País Basco, lhe perguntaram o motivo por que continuava a trabalhar numa idade já avançada, respondeu com humor. Disse: “Tenho muitas bocas para alimentar”. Mais a sério, partilhou as verdadeiras razões do seu empenho contínuo. “A minha vida é trabalhar. O trabalho de um ator é trabalhar e esperar pelo papel seguinte”, enfatizou o ator galardoado com um Oscar honorário em 2017.
Presidente na saga “Jogos da fome”
Para as gerações mais jovens, Donald Sutherland é associado sobretudo ao seu desempenho nos filmes de ação e aventuras “Jogos da fome”. Entre 2012 e 2015, o ator participou nas quatra obras iniciais da saga cinematográfica, em que desempenhou o papel de Presidente Snow.
Na última década, Sutherland continuou ativo no cinema e na TV, participando em 15 produções, a última das quais, “Miranda’s victim”, de 2023, disponível em streaming na Netflix.