Os donos do portal "AEIOU" e "Zap Notícias" apresentaram uma proposta "quase simbólica" para a compra do título da revista 'Visão'. Apenas querem evitar a extinção da marca e não conseguem garantir a impressão da revista ou os postos de trabalho. "Temos a esperança que alguém faça uma proposta melhor", explicam.
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A proposta dos donos do AEIOU foi apresentada recentemente ao administrador de insolvência da Trust in News, a empresa dona da revista Visão. É uma oferta "quase simbólica" de 100 mil euros, revela ao JN um dos gerentes do AEIOU, Armando Batista.
O objetivo é evitar que a marca Visão desapareça caso não haja nenhuma proposta mais relevante: "Formalizamos uma proposta quase simbólica. O título está em risco de desaparecer e apresentamo-la para garantir a continuidade do ativo porque é uma perda que lamentamos muito".
Caso não haja mais interessados e a Visão seja comprada por estes empresários, apenas há a garantia da continuidade do projeto online: "No limite, com reforço de meios e pessoas, conseguiríamos assumir o título no seu ativo digital, mas temos a esperança que alguém olhe para este problema e apresente uma proposta melhor".
Caso apareça uma oferta acima dos 100 mil euros, a proposta de Armando Batista já não avança: "Esperamos que não se concretize a nossa proposta porque apareceu alguém com uma melhor. Seria um mau sinal se isso não acontecesse". Armando Batista lamenta não conseguir dar garantias aos trabalhadores ou assegurar a impressão da revista, mas "não é possível dar um passo maior que a perna".
Fundada em 2017, a Trust in News é detentora de 16 órgãos de comunicação social, em papel e plataformas digitais, como a Exame, Caras, Courrier Internacional, Jornal de Letras, Activa, Telenovelas, TV Mais, entre outros. A empresa está em processo de insolvência e a Assembleia de Credores reuniu-se esta quarta-feira no Tribunal de Lisboa Oeste.
Estado atrasa processo de venda
Na Assembleia de Credores, foi votado e aprovado o encerramento da empresa Trust in News, mas também a continuidade do título Visão. No entanto, nenhuma das várias propostas de compra foram avaliadas ou votadas porque a Segurança Social e as Finanças exigiram, na qualidade de credores, que se fizesse uma avaliação prévia antes da venda dos títulos do grupo.
A avaliação obteve a contestação dos restantes credores e do administrador de insolvência. Este revelou que o processo custaria 35 mil euros e que não há verbas, pelo que tentaria encontrar forma de realizar a avaliação a crédito. Caso não seja possível, será marcada uma nova Assembleia de Credores para as Finanças e a Segurança Social poderem abdicar desta intenção e viabilizar a venda dos títulos.
O valor base de venda do título Visão é de 40 mil euros. Entre as propostas conhecidas está, além da do AEIOU, a oferta de um grupo de jornalistas que se propõe a manter a revista nas bancas com uma tiragem de 15 mil exemplares. O diretor do Jornal de Letras, José Carlos de Vasconcelos, também propôs a compra deste título.
Recorde-se que o tribunal determinou o encerramento da revista, mas até que se conclua o processo de insolvência é possível que apareçam outros compradores. Até lá, alguns jornalistas continuam a assegurar a publicação da revista, sem receberem salários, a partir de casa, visto que o Taguspark deu indicações para o órgão de comunicação social abandonar aquelas instalações em julho.