A estreia de André Romão em Serralves e a mais completa exposição da fotógrafa indiana Dayanita Singh são as novas propostas do museu portuense.
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O Museu de Serralves abre ao público nesta sexta-feira duas novas exposições, que poderão ser visitadas até final de maio do próximo ano.
Em "Dançando com a minha câmara", a artista e fotógrafa indiana Dayanita Singh apresenta a mais importante exposição realizada até à data. Nascida há 62 anos em Nova Deli, Singh desenvolveu, ao longo de quatro décadas, um trabalho que se distingue pela abordagem à fotografia que desafia os vários géneros do meio, estimulando constantemente os seus limites.
Os trabalhos agora expostos no Porto abrangem a totalidade da sua obra, desde o primeiro projeto fotográfico centrado no universo musical do percussionista Zakir Hussain (n. 1951, Bombaim), até aos trabalhos mais recentes, entre os quais "Let’s See" (Veremos) (2021), inspirado no formato da folha de contacto. A exposição é um testemunho da originalidade relativamente à forma que define o trabalho de Singh, destacando também a visão singular da artista em relação a temas como o arquivo, o desaparecimento, a música, a dança, a arquitetura, o género e a amizade.
Patente ao público a partir desta sexta está também a primeira exposição individual no Museu de Serralves de André Romão no Museu de Serralves, considerado um dos artistas portugueses mais relevantes da geração nascida nos anos 80.
Com o título "Calor", a exposição retoma os temas fundamentais da investigação do artista, que abarca conceitos de hibridização e metamorfose, e reforça uma noção de fluidez e horizontalidade entre o natural e o artificial, o orgânico e o humano e animal, ou o humano e o maquinal.
Segundo o Museu de Serralves, "Romão transporta-nos para um ambiente inquietante onde um conjunto de esculturas e cartazes usados nas campanhas de doação de sangue, questionam a noção de corpo normativo e as diretrizes das nossas sociedades contemporâneas que estabelecem padrões de conduta que, muitas vezes, excluem aqueles que não se enquadram nas categorias tradicionais de identidade e comportamento e não pertencem aos modelos hétero-cis-normativos. Partindo desta ideia, a exposição abre caminho para novas perspetivas e níveis de consciência na nossa relação com o Outro, aquele que é diferente, que habita o mundo de maneira distinta".