Compilações históricas de 1973 são reeditadas com novos temas e intervenção da Inteligência Artificial.
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São as compilações mais canónicas dos The Beatles. Lançadas originalmente em 1973, cobriam todo o espectro da banda que se estreara dez anos antes com “Please please me” e fechara atividade com “Let it be”, em 1970. Conhecidas como “álbum vermelho” e “álbum azul”, são agora alvo de uma reedição de luxo que assinala os seus 50 anos. Contêm mais 21 temas, incluindo a nova canção, “Now and then”, todas remisturadas por Giles Martin, filho do histórico produtor do grupo, George Martin. E passaram pela tecnologia de inteligência artificial (IA) usada por Peter Jackson no documentário “The Beatles: Get back” (2021), a “machine learning”.
Não sendo fácil escolher numa obra tão recheada de êxitos e canções marcantes – e quase nenhum purista tolera o conceito de “best of” –, a estratégia dos álbuns de 1973 foi dividir em duas fases a sua recolha: o período “vermelho” entre 1962-1966 e os anos finais, assinalados a azul, de 1967-1970. Nunca foi consensual a divisão: muitos consideram “Rubber soul” (1965) e, sobretudo, “Revolver” (1966), álbuns já inscritos no som mais avançado dos Beatles, onde se lançam as bases para o psicadelismo e o rock progressivo. A opção talvez tenha sido fechar os anos iniciais, dominados por ‘covers’ e canções pop mais simples, com os novos Mundos anunciados a partir de 1965.
À primeira caixa adicionam-se, justamente, mais canções extraídas de “Revolver”, além de vários temas escritos por George Harrison e ‘standards’ como “I saw her standing there” e “Twist and shout”. No pacote azul, onde os rapazes da franjinha se transformam em cabeludos, são acrescentadas peças do “álbum branco” – “Dear prudence” e “Blackbird” – ou o rock mais intenso de “Hey bulldog” e “I want you (she´s so heavy)”. A recente “Now and then”, repescada das gravações de John Lennon nos anos 1970, encerra a coleção. A intervenção da IA na remistura isola os diferentes elementos das gravações originais e potencia um som mais dinâmico e abrangente, a pedir um regresso às escutas de alta-fidelidade.
“The Beatles / 1962-1966”
“The Beatles / 1967-1970”
Apple/ Capitol/ UMR