Há canções refrigeradas para o verão, sim, mas também jazz abrasivo. Quem pode criar pop negra? E porque é que "Miami vice" merece plano de reabilitação? Só frescuras.
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Erika de Casier calhou de nascer em Portugal, de mãe belga e pai cabo-verdiano, tendo-se mudado para a Dinamarca ainda criança de escola primária. O seu caminho na música em nome próprio vai em dois álbuns, tendo o segundo, "Sensational", sido editado há dois meses através da 4AD. Com esta conferência de nações na biografia, surpreende um pouco que as suas canções soem a sólidas recriações do cruzamento da pop digital com música de dança britânica de matriz negra. "Polite" chega de mansinho:
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Muito menos de mansinho: a 37.ª edição do Jazz em Agosto arranca hoje com o trompetista Luís Vicente, que se apresenta a solo, pelas 18 horas, no Auditório 2 da Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa. Depois, pelas 21 horas, e já no Grande Auditório, chega o quarteto Broken Shadows, repleto de gente conhecida: Tim Berne (saxofone alto) e Chris Speed (saxofone tenor), amparados pela secção rítmica dos Bad Plus, o contrabaixista Reid Anderson e o baterista Dave King. Amanhã é a vez da reunião do gira-discos de Ignaz Schick com a bateria, percussão e eletrónica de Oliver Steidle (18 horas, Auditório 2); e do encontro do trio Ikizukuri com o trompete de Susana Santos Silva (21 horas, Grande Auditório). O primeiro fim de semana de Jazz em Agosto completa-se com o quarteto de João Pedro Brandão (18 horas, Auditório 2) e o quinteto Fire!, com o ubíquo saxofonista Mats Gustafsson (21 horas, Grande Auditório). O segundo capítulo do festival contém Pedro Moreira Sax Ensemble (dia 5), Gabriel Ferrandini, James Brandon Lewis Quartet (dia 6), Katharina Ernst, Anthropic Neglect (dia 7), João Lobo e Roots Magic (dia 8).
Na revista americana "Current Affairs", Bertrand Cooper escreve sobre aqueles que têm maiores possibilidades de criar cultura pop negra. Com a exceção da música, as artes só estão ao alcance da população afro-americana de classe média-alta.
"Miami vice", a espectral transposição da série televisiva para o cinema levada a cabo por Michael Mann em 2006, pode e deve ter melhor reputação. Tom Augustine faz a sua parte na revista britânica "Little White Lies".
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Em "Don't go yet", Camila Cabello abraça a música afro-latina com uma intensidade ainda não ouvida na sua breve carreira. É o momento maior da cantora e compositora cubano-americana. Pop exuberante e quente, lembrando a espaços Gloria Estefan, com vídeo deliciosamente garrido à altura. O fim de semana começa aqui:
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