Foi o ator escolhido para representar o herói de Abril em "Salgueiro Maia - O Implicado". O filme estreia esta semana.
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O homem, para além do herói, é o tema de "Salgueiro Maia - O Implicado", o filme que Sérgio Graciano retirou do livro de António Sousa Duarte, "Salgueiro Maia - Um Homem de Liberdade". Da recruta ao quase exílio forçado nos Açores, da vida militar em África à morte prematura, passando pelo papel preponderante no 25 de Abril de 1974, o filme chega esta semana aos ecrãs de cinema, com Tomás Alves no protagonista.
O que sentiu quando lhe disseram que ia ser Salgueiro Maia no cinema?
Tremeram-me as pernas, confesso. Pela responsabilidade de dar vida a uma personagem com tanta importância na nossa História. Um homem tão carismático, que tinha os seus valores muito bem assentes. Isso só vim a descobrir depois, com o trabalho de pesquisa que fiz. Fazer este filme é um privilégio. Fiquei muito nervoso, mas com muita vontade.
Como uma das personagens do filme, que diz que já nasceu depois do 25 de Abril, o Tomás já nasceu em liberdade. O que representava para si Salgueiro Maia?
O herói, como para a maioria das pessoas. O símbolo da liberdade, do 25 de Abril. O homem que pegou o touro pelos cornos, digamos assim. O peso da responsabilidade dele foi muito grande, nada comparado com o que tive ao desempenhar o papel.
Qual é a importância deste filme?
É o primeiro focado na vida dele, na pessoa para além do herói, daquilo que as pessoas conhecem, de tudo o que ele conquistou, militar e politicamente. No filme é a pessoa, o humano, carregado de emoções, de liberdade e de um sentido de humanidade. Ele levava esses valores para a vida. Foi um grande desafio representar uma pessoa assim. Por vezes é difícil acreditar que há pessoas como Salgueiro Maia.
O que foi preciso para se colocar na pele dele?
Foi preciso muita pesquisa. Pôr de lado, desde muito cedo, o peso da responsabilidade que um ator sente, quando tem de fazer um papel destes. Houve muito trabalho de direção de atores, para termos uma noção do que queríamos com este filme. Que história era esta que queríamos contar.
Imagino que tenha encontrado a viúva de Salgueiro Maia. Pode recordar como foi o primeiro encontro?
Na primeira vez que estive com ela, não achou grandes parecenças. Não estava muito virada em relação à minha pessoa, para representar o marido dela. Mas visitou-nos durante a rodagem precisamente do casamento e eu estava preparado para entrar em cena, com as lentes castanhas e quase se esqueceu do covid e quis dar-me um abraço. Foi um momento muito bonito e muito interessante para perceber que estava no bom caminho.
Qual foi a sensação de representar tantos momentos icónicos da história do nosso país, como a entrada no Convento do Carmo ou o episódio na Ribeira das Naus?
O trabalho foi concentrar-me nas cenas em si e na história que estávamos a contar. Se fosse pensar na importância daqueles acontecimentos, podia-me limitar. O principal foi fazer o trabalho anterior de saber o que estávamos a retratar e depois deixar-me ir e tentar fazer o melhor possível. Mas claro que tinha consciência dos momentos que estávamos a recriar.
Depois desta aventura, como é que definiria a personalidade de Salgueiro Maia?
Vertical, humano e livre. Acho que são três palavras que sempre o acompanharam.