Festival literário volta aos jardins do Palácio de Cristal, no Porto, de 22 de agosto a 7 de setembro. Programa tem 100 espetáculos grátis e concertos todos os dias.
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Sérgio Godinho, figura incontornável da cultura portuguesa, é o autor homenageado na 12.ª edição da Feira do Livro do Porto, que regressa entre 22 de agosto e 7 de setembro aos Jardins do Palácio de Cristal.
A tradição mantém-se: um nome maior da literatura e da palavra será imortalizado com o batismo de uma tília, símbolo da ligação entre a cidade e os seus escritores.
“Não é a primeira vez que a Feira do Livro do Porto homenageia um escritor de canções. Antes de Sérgio Godinho, José Mário Branco foi figura central da edição de 2018. O Porto tem, aliás, uma espécie de ‘terroir’ de escritores de canções, como Carlos Tê, Pedro Abrunhosa, Miguel Araújo, Manel Cruz ou Capicua”, teceu o presidente da autarquia Rui Moreira, na Casa do Roseiral, esta quinta-feira, durante a apresentação do programa da Feira 2025. E o homenageado acrescentou à lista do ‘terroir’: “E o [Rui] Reininho”.
Cantor, compositor, ficcionista, dramaturgo e ator, Sérgio Godinho, de 79 anos, há muito se inscreveu na memória coletiva como um dos mais influentes autores de canções portuguesas. “O primeiro dia”, “Com um brilhozinho nos olhos” ou “Que força é essa?” fazem parte da banda sonora de gerações e continuam a ser hinos intemporais.
Um autor de hinos
“Natural de Santo Ildefonso”, onde nasceu em 1945, Godinho viveu “até aos 20 anos no Porto; depois vieram nove anos fora de Portugal”, detalhou. Estudou Psicologia na Suíça, viveu em Paris, mergulhou na efervescência do Maio de 1968 e regressou a Portugal após a Revolução dos Cravos.
“Já cantei no Palácio de Cristal, no Rivoli, no Coliseu e fiz teatro no São João. Sou de uma família onde se lia obsessivamente. A minha avó era alfarrabista e tenho sempre presente o cheiro dos livros empoeirados”, contou. Coincidência feliz: Godinho fará 80 anos no dia 31 de agosto, em plena Feira.
Nestes anos, distante, “para não perder a minha língua, escrevi 'Porto, Porto’ e ‘O Porto aqui tão perto’”. Mas a sua escrita não se esgotou na música. Entre romances – “Coração mais que perfeito”, “Estocolmo”, crónicas e literatura infantojuvenil, “O pequeno livro dos medos” –, Godinho tem explorado a palavra sob todas as formas possíveis.
O seu editor Francisco José Viegas, cúmplice na Feira, destacou na apresentação a sua obra poética “O sangue por um fio”.
Concertos todos os dias
O programador João Gesta revelou alguns avanços do cartaz deste ano: “Teremos 100 espetáculos grátis” neste minifestival literário, onde estão confirmados João Luís Barreto Guimarães, Lídia Jorge e Djamilia Pereira de Almeida. E durante os 17 dias da Feira do Livro do Porto, haverá “concertos na Concha Acústica todos os dias”, detalhou João Gesta.
Além de Sérgio Godinho, que dará um concerto para encerrar a Feira, o programador anunciou também o guitarrista Pedro Joia. A cada edição, “a Feira afirma-se como um evento aberto, plural e vibrante, capaz de atrair leitores de todas as idades e de fortalecer o tecido livreiro da cidade”.
Rui Moreira recordou as palavras de Paulo Cunha e Silva, em 2014: “No Porto guiamo-nos principalmente por gestos que vão ao encontro de uma particular forma de estar e sentir: sempre independente, aberta e contemporânea. Ou seja, popular e cosmopolita. Assim é o Porto”.