Um "sonho tornado realidade", um "momento surreal" ou as duas coisas ao mesmo tempo. Joana Niza, parte da equipa portuguesa que, com Nuno Bento, esteve envolvida na produção sonora do filme que venceu o Oscar 2019 para Melhor Documentário, está radiante.
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Em declarações ao JN, Joana Niza revelou ser "agarrada ao cinema desde pequena", embora estivesse "longe de imaginar alguma coisa assim", que um filme com trabalho seu ganhasse um Oscar.
O prémio é a validação de uma paixão pelo som, agora ao serviço da empresa portuguesa Loudness Films. Joana fez o trabalho de "foley mixer" no documentário. "É o som que inconscientemente nos puxa para a personagem que estamos a ver", explica Joana, realçando a importância do trabalho de toda a equipa sonora envolvida na produção de "Free Solo", que tem estreia marcada para 17 de março, no National Geographic).
O documentário retrata o alpinista norte-americano Alex Honnold durante uma escalada de 900 metros, sem cordas ou proteções, na parede de granito El Capitan, no Parque de Yosemite (Estados Unidos).
Joana Niza tem 27 anos e estudou na Escola Superior de Teatro e Cinema, entre 2010 e 2013, onde conheceu a realizadora Leonor Teles, que lhe deu a sua primeira grande oportunidade com "Balada de um batráquio" (2016), curta premiada com Urso de Ouro no festival de Berlim. Arranjaram dinheiro para fazer o trabalho de som aos estúdios da Loudness Films e o "entusiasmo" e a qualidade da sonoplasta deixaram marcas. Foi depois convidada a trabalhar na empresa.
Nuno Bento foi distinguido nos prémios norte-americanos Golden Reel pelo seu trabalho de "foley artist" e Niza foi galardoada, no fim de semana passado, noutros prémios específicos para montagem de som: os norte-americanos Cinema Audio Society Awards.
O "foley" permite criar sons que por vezes não são captados nas rodagens. Com o "foley", é possível "criar a ilusão de que existe essa proximidade com as personagens que estão no ecrã". "Por exemplo, temos o Alex a escalar e nós conseguimos ouvir a parede e todo o material dele, quando na verdade é tudo falso. É tudo criado por nós: pelo "foley artist" e pelo "foley mixer", que juntos trabalhamos para conseguir tornar esse som verdadeiro para aquilo que estamos a ver", explicou.