Selma Uamusse, The Legendary Tigerman e Filipe Karlsson atuam de 23 a 26 de agosto no Festival na praia dos Moinhos.
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Assistir a concertos e eventos culturais é, mais do que um prazer e uma mais-valia, uma experiência e até uma necessidade para muitos – a pandemia assim nos veio lembrar. E se se conseguissem realizar esses eventos deixando uma pegada ecológica mínima; e aproveitá-los inclusive para a educação e consciencialização ambiental e social? É esse o conceito do Eco Festival Azores Burning Summer, que acontece este ano de 23 a 26 de agosto, na praia dos Moinhos em Porto Formoso, São Miguel, Açores.
Música, cinema, debates, ecodesign, veículos elétricos, land art, saúde e ações comunitárias são alguns dos elementos que fazem deste eco festival, nascido em 2015, “a combinação perfeita entre a Natureza e o seu público”, defende a organização.
Num local privilegiado, no plano musical os visitantes vão encontrar, entre o cartaz, The Legendary Tigerman, Selma Uamusse, Club Makumba, Arp Frique, Mirror People, Filipe Karlsson, Duo Atlântico & Isa B., Manel The Island Men & Friends; ou DJs como Las Mákinas, Zelecta, Piu Piu, Esses Céus, Isilda Sanches, Mesquita & Laura, Milhafre, Nex, Galopim + Quaresma / Antena 1, Novo Major, Adrian Sherwood e Pedro Tenreiro.
Durante quatro dias, são cerca de 60 os artistas regionais, nacionais e internacionais que sobem aos três palcos do festival, representando world music, soul, jazz, rock, dub, funk. Esta é a música, mas há muito mais: com o objetivo de despertar a consciência ecológica coletiva, a organização implementa medidas e práticas que pretendem “incentivar uma mudança de comportamentos”, além de resultar na redução do desperdício e alteração dos hábitos de consumo criando um festival “diferente”, como explica ao JN Filipe Tavares, fundador e diretor do Eco Azores.
“O Festival acontece num lugar único, o Porto Formoso. 50% da programação é de acesso gratuito e na maravilhosa praia dos Moinhos. No Parque dos Moinhos, a escassos 300m da praia, há um anfiteatro natural incrível, envolvido por rochas e árvores e onde existe uma cascata que faz as delícias dos músicos após os testes de som”, começa por enquadrar. “Não há telas nem bandeiras publicitárias; há natureza”, diz.
Sobre o cartaz, Tavares acredita ter “tanto de exótico como de elétrico”: “é de altíssima qualidade e alternativo a tudo o que acontece no conjunto de eventos que se realizam nos Açores durante o ano”. No entanto, destaca, “este não é um festival para agradar as massas”; mas um “que aposta na qualidade da experiência”.
A sustentabilidade do evento é um aspeto diferenciador, tanto a nível ambiental como social e económico, garante o responsável. “Ao querermos celebrar a bela praia dos Moinhos e todos os momentos bons que ela guarda, decidimos que seria o festival a adaptar-se ao local e não o contrário”, começa por explicar.
Esta preocupação ambiental é há muito natural para o diretor mas ainda assim, admite, o resultado da primeira edição do evento, há anos, deixou-o apreensivo: “prometi que só o voltaria a realizar se conseguisse anular ou reduzir determinado tipo de impactos”, explica. “Também senti que não poderia desperdiçar a oportunidade de ‘marcar’ positivamente todas as pessoas que mobilizamos no âmbito do Festival, bem como a própria comunidade que o acolhe”.
Entre as medidas atualmente tomadas pela organização, Filipe Tavares exemplifica o facto de 80% do investimento realizado no festival ser direcionado para empresas e profissionais locais, bem como a realização de diversas ações comunitárias – como o programa de saúde VIVE e o HABITAT, ambas sem custo para os participantes. A nível ambiental, “não só introduzimos, testamos e promovemos medidas ecológicas, como também programamos um conjunto de ações”, diz. “Sinto que contribuir para a preservação do ambiente é algo que não tem preço, embora se traduza numa poupança em termos de custos e também num ganho em termos de resultados” garante.
A praia dos Moinhos
Para o criador, o Eco Azores é um sonho antigo. “Aos 21 anos, sonhava realizar um festival na praia dos Moinhos para celebrar as boas vibrações que esse lugar proporcionou a várias gerações”. A esse sonho juntaram-se amigos e conhecidos para o produzir, juntaram-se diversos artistas, “entre os quais uma pessoa muito importante para mim, com quem construí uma amizade que perdura até aos dias de hoje, o Adrian Sherwood da On-U Sound”. Em 2015, “o Adrian ligou-me a perguntar quando é que organizava um “gig” nos Açores pois tinha muita vontade de voltar a visitar. Comecei logo a trabalhar neste projeto que foi ganhando forma, mais tarde contactei-o e disse que o que faria sentido seria criar um festival anual em que ele fosse o anfitrião, e assim foi”. O Azores Burning Summer teve a sua primeira edição logo nesse ano.
Com o passar do tempo, o evento foi apurando a sua vertente ambiental e social, tendo já recebido vários prémios e certificações. Atualmente, a organização submete o festival a um processo de monitorização neste campo, que o acompanha desde o planeamento até à desmontagem. Em 2023 o Azores irá enviar, pela primeira vez, os resíduos biodegradáveis produzidos no evento para o Eco Parque da Ilha de São Miguel. A Central de Tratamento Mecânico e Biológico, recentemente inaugurada na ilha de São Miguel, resulta de uma luta contra a incineração de resíduos promovida pelo “Movimento Salvar a Ilha”, do qual faz parte a entidade que organiza o festival.
Ainda sobre o cartaz desta edição, o responsável volta a salientar que metade da programação decorre no palco NOS instalado na praia dos Moinhos, é “de livre acesso” e funciona como uma espécie de warm up nos dois primeiros dias e um acréscimo nos últimos dois, tendo como objetivo “ligar as pessoas à raiz do evento”. Aqui há cinema ao ar livre com a projeção dos documentários “Entre Ilhas” de Amaya Sumpsi e “Cesária Évora” de Ana Sofia Fonseca e um “Eco Market”, ou feira dedicada ao ecodesign. A nível musical, há Dj sets e o programa “Moinhos Revival” onde irão atuar “Manel de Island Man” e “Duo Atlântico + Isa B”. Na última madrugada, o público é convidado a descer até à praia para presenciar a instalação de fogo “Burning Love” e contemplar o nascer do sol.
Já no palco TROPICAL do renovado parque dos Moinhos encontram-se os DJ’s residentes e convidados, como Esses céus, Galopim + Quaresma (Antena 1), Milhafre, Novo Major, Tenreiro, Mesquita & Laura, Isilda Sanches e o anfitrião Adrian Sherwood. Finalmente, pelo palco principal, nos dias 25 e 26, irão passar os Club Makumba, Selma Uamusse, Arp Frique, Filipe Karlsson, The Legendary Tigerman e Mirror People.
No todo, os visitantes podem esperar “um ambiente relaxante, sem trânsito, com uma natureza impactante, com gente alegre, bons convívios, boa comida e muito boa música”, garante Tavares. “Trata-se de viver o festival como um todo”, conclui. Os bilhetes começam nos 20€ (https://azoresburningsummer.com/bilhetes?fbclid=IwAR1Js-8om_455JZ5_GoW7_DIHsYsCZLa4AzeRsUbQ_o3gCEAthkjAxF0Flk)