“Confidência”, drama do italiano Daniele Luchetti, tem música de Thom Yorke, dos Radiohead. Estreia nas salas esta quinta-feira.
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O cinema mais recente associado à produção mainstream enferma de um problema: a formatação imposta pelas produtoras, que têm receio de perder o público nas salas. Tal política tem, infelizmente, contagiado muito do cinema de autor, acabando por tornar os filmes muito parecidos uns com os outros na sua estrutura narrativa.
Quando confrontados com um drama como “Confidência”, que arrisca no seu confronto com o espetador, é natural que a primeira reação seja de desconforto. Mas o mais recente filme de Daniele Luchetti é uma experiência de cinema que é cada vez mais rara de testemunhar.
Adaptando de novo um romance de Domenico Starnone, o realizador italiano centra o seu relato num professor do liceu que advoga o afeto como forma de captar a atenção dos seus alunos, contra a mais tradicional estratégia do medo de falhar, e que tem mais tarde uma relação com uma aluna, que termina quando lhe revela um segredo da sua existência…
Daniele Luchetti pertence à geração que renovou o cinema italiano e o fez ser de novo reconhecido na esfera internacional, após o impulso dado pela obra de Nanni Moretti. Entre nós, temos visto mais cinema dessa origem com tanta tradição e a anual Festa do Cinema Italiano tem também contribuído para a renovação do interesse do público por este cinema.
Chegamos assim a “Confidência”, musicado por Thom Yorke, que nos pode deixar perplexos com o seu final, mas não nos larga depois de nos levantarmos da cadeira.
Há o prazer de nos contarem uma história e um suspense, emocional e psicológico, que não nos larga. Há um Elio Germano já cúmplice do realizador e uma Federica Rossellini que dificilmente esqueceremos, entre as várias personagens femininas que rodeiam o protagonista.
Ir ver “Confidência” à sala de cinema é um desafio que se recomenda vivamente.