Coreógrafo Rafael Alvarez apresenta este sábado, às 16 horas, no Palácio Nacional da Ajuda, um espetáculo de Dança Contemporânea e Ecologia em Movimento, construído com base em residências artísticas. A entrada é livre.
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Com EKO TSUGI, o objetivo é criar diálogos inesperados; plantar, não árvores, mas ideias e ações no corpo, reflorestando realidades para uma “ecologia corporal”; ligar corpo e natureza, refletir sobre o meio ambiente, por entre um convite à dança e à criatividade.
O coreógrafo Rafael Alvarez apresenta este sábado, às 16 horas, em Lisboa, no Palácio Nacional da Ajuda (entrada livre), o espetáculo EKO TSUGI - Dança Contemporânea e Ecologia em Movimento, um evento que inaugura o primeiro ano de lançamento desta plataforma de criação coreográfica, mediação e intervenção artística, promovida pela BODYBUILDERS, com direção artística do próprio Alvarez.
O espetáculo já passou pela Aldeia do Coentral Grande, em Castanheira de Pera, chega agora a Lisboa e vai depois para Paris. Na prática, o programa integra, em cada um destes três locais de residência artística, um período de laboratório de criação coreográfica, que desafia um conjunto de cerca 20 participantes maiores de 55 anos e seniores (embora abaixo destas idades sejam bem-vindos) das três regiões. Estes são desafiados criar e depois apresentar ao público um espetáculo de dança ou percurso coreográfico construído ao longo dos quatro dias dos laboratórios implementados em cada local. Durante este período, são também organizados workhops abertos à comunidade local, tudo culminando na apresentação pública dos espetáculos coletivamente criados.
Há toda “uma dimensão de intercâmbio – cultural, artístico, humano” – que atravessa o projeto, adianta ao JN Rafael Alvarez. Não só o intercâmbio entre os 24 participantes, na sua maioria maiores de 55 anos (mas não só) das regiões de Lisboa, Paris e Castanheira de Pera, “mas na própria relação com a comunidade local”, adianta.
E acrescenta: “existe, portanto, este lado de troca, de promover o encontro e a troca, a vivência comum e o diálogo entre pessoas e pedras, entre a paisagem e o corpo e entre a comunidade local e os visitantes da aldeia” do Coentral, frisa. Ao longo dos diferentes períodos de residência artística imersiva implementados pela plataforma EKŌ TSUGI, desafiam-se os participantes, comunidade e públicos, a explorar, a refletir e a debater sobre modelos de preservação do meio ambiente e da biodiversidade, práticas de sustentabilidade ambiental, inquietações face à realidade do mundo rural e das regiões do interior e o impacto de uma cultura viva de 'cidadania verde’, de preservação, regeneração e recuperação da diversidade do património ambiental, arquitetónico, rural, cultural e humano. Depois, “transformam-se estas reflexões e estes reencontros entre corpo e natureza num convite à dança”.
O espetáculo propõe também um diálogo criativo com o património ambiental, rural e humano da aldeia do Coentral Grande e com o património cultural e arquitetónico do Palácio Nacional da Ajuda, em novembro com a extensão e apresentação em Paris, partindo de um intercâmbio e cooperação entre os participantes, explica o coreógrafo. O resultado é mostrado “sob um ponto de vista imagético, poético, e que convida o público a construir os seus próprios imaginários, ligados ao mundo rural, às memórias” de infância, adianta.
“Todos nós temos, mesmo sendo da cidade como é o meu caso, da alguma forma uma construção, uma imagética ligada à natureza e ao mundo rural e é a isso que pretendemos convidar o público: a ter a liberdade de desconstruir as suas próprias coreografias e partituras ao longo do percurso coreográfico que é apresentado”, conclui.