Moscovo é uma daquelas cidades que vivem no imaginário de quem cresceu a ouvir expressões como Cortina de Ferro, Guerra Fria e Perestroika. Daí que poder visitar a cidade mais emblemática do domínio soviético foi algo que agradeci, apesar do motivo ser trabalho!
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As expectativas eram muitas e justificaram-se plenamente. A escala a que estamos habituados para observar uma qualquer capital europeia tem de ser obrigatoriamente alargada para se perceber o que é Moscovo.
Cidade com 300 km de diâmetro, faz sentir a quem a visita tanto o peso da história - seja pela arquitectura estalinista ou pelos hábitos que ainda perduram - como o salto ainda recente para a idade da descoberta da liberdade e dos seus símbolos mais dispendiosos.
Frente a frente, na Praça Vermelha, estão essas duas realidades: de um lado, o mausoléu onde repousa o corpo de Lenine; do outro, o sumptuoso GUM, o centro comercial onde Prada, Louis Vuitton, Armani e similares ostentam as suas peças. Mas o símbolo maior do que é a História russa é o Metro moscovita - 173 estações, distribuídas por 12 linhas através de 282,4 km que levaram quatro horas a visitar - onde é possível ver e sentir as obras de arte que são cada estação e onde a sumptuosidade se nota em pormenores como um tecto de 200 metros em... ouro.
A tradição da cultura russa está presente em cada estação, onde ao fundo de cada escada rolante existe uma pequena cabina, unipessoal, onde uma funcionária - sempre uma - passa oito horas a vigiar o funcionamento da escadaria!
Mas os sinais de pobreza são visíveis, embora encapotados. E vêm de onde menos se espera. Um dos desejos que levava era comprar uma ushaka, o típico gorro utilizado pelos militares e que muitos, como eu, conheceram pelo teledisco Nikita, de Elton John.
Uma loja seria o ideal. Mas por que não ir directamente à fonte. 90 rublos, cerca de dois euros, foi quanto custou comprar a ushaka a um militar, no meio da Praça Vermelha. A dele! Por aqui se vê a necessidade.