Dia inaugural da Festa do Outono, no Porto, atraiu largos milhares de visitantes, com as famílias em clara maioria.
Corpo do artigo
Quem, por artes mágicas, aterrasse ontem em Serralves vindo de um território distante, não diria que estava num dos países mais envelhecidos da Europa. A participarem ativamente nas incontáveis oficinas espalhadas pelo recinto ou a correrem sem freio pelo prado, sempre sob o olhar atento dos pais ou avós, as crianças estão em toda a parte na Festa do Outono. Nada que espante num programa diversificado, das visitas aos animais na quinta às plantações rurais, onde os mais novos são o público preferencial.
Se houvesse um prémio para o participante mais jovem da edição deste ano, o título seria entregue decerto a Gonçalo, que, com apenas dois meses, fez o seu batismo na festa.
“Respirar este ar puro todo faz sempre bem, sobretudo para os mais novos”, diz a mãe, Rute, agradada “com a forma natural como tudo parece fluir por aqui”. E mesmo se o filho não pode participar, para já, na maioria das atividades previstas, “há sempre alguma coisa que fica”.
Sempre algo a acontecer
Com 600 atividades marcadas em dois dias, há sempre algo a acontecer na Festa do Outono.
Para todos os gostos. Os mais dotados para as artes manuais tanto podem entreter-se com a criação de animais em cartão, como com a pintura de galos; os que querem aprender como se costura, modela ou borda também encontram oficinas especializadas. A oferta não passa sequer à margem da cestaria. Oriundo de Gonçaló, pequena aldeia da Guarda, Alberto Carvalhinho dedicou a esta arte os anos suficientes para saber que “a continuidade vai ser muito difícil”.
Na família há quatro gerações, a prática da cestaria parece agora ameaçada. Todavia, o experiente artesão mostra-se esperançado de que a autarquia possa criar, como prometido, um museu dedicado ao artesanato. “Seria muito importante para a promoção e divulgação”, considera.
Mesmo em frente às oficinas, uma multidão de jovens diverte-se com jogos, no mínimo, improváveis para essa faixa etária, como a macaca, o galo ou matraquilhos. É uma espécie de parque de diversões à moda antiga, onde os hoje quase ditatorais ecrãs nem sequer são uma possibilidade equacionada.
“Anda jogar, mamã!”, dispara subitamente o Francisco, de nove anos, para grande surpresa da progenitora, muito longe de imaginar o entusiasmo que suscitariam ao seu filho os jogos com que se divertiu na juventude.
No topo das atividades preferidas voltaram a estar as aulas dos burros de Miranda, nas quais os participantes puderam alimentar esta raça autóctone e até alisar-lhe o pêlo, ou os fardos de palha, ponto de partida para infindáveis brincadeiras.
Em clara minoria, os participantes mais velhos não se sentiram minimamente deslocados na atmosfera juvenil dominante, mesmo que as motivações tenham divergido. Assídua na Festa do Outono, Luísa Afonso, acompanhada por uma amiga, faz questão de regressar todos os anos, até porque “tenho origens rurais e esta atmosfera faz-me lembrar a juventude”.
Programa
Pintura de galos
Paula Araújo e Filipa Lopes ensinam os truques para uma pintura a preceito dos famosos galináceos que fazem parte da imagem de Barcelos.
Sons no Parque
A manhã promete ser animada ao som da Banda Sinfónica Portuguesa, que irá fazer ecoar pelo prado o seu reportório variado.
Ser redeiro por um dia
Quem não gostava de aprender a remendar redes de pesca? Sob orientação do experiente artesão Alberto Silva. do município de Vagos, os interessados poderão ficar a conhecer os rudimentos desta tarefa. Às 11.30.
Animais na quinta
Eliana Barbosa conduz os visitantes pelos estábulos onde se encontram os exemplares mais típicos da quinta. Às 14 horas.
Histórias da terra
Nem só de oficinas, exposições ou concertos vive a programação da festa. Às 14.30, no Jardim Maria Nordman, a companhia Mandrágora apresenta o espetáculo de marionetas “Histórias da terra”.