De 18 de setembro a 2 de novembro, a cidade de Braga volta a afirmar-se como epicentro da criação e reflexão visual, com um programa multidisciplinar que inclui fotografia, cinema, performance, instalação e vídeo-arte.
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Em 2025, o festival Encontros da Imagem celebra a sua 35ª edição com o tema “Manifestação de Interesse”, um momento de inflexão e reconhecimento do percurso singular desta plataforma dedicada à fotografia contemporânea e às artes visuais em Portugal.
Sob a curadoria de Vitor Nieves, figura incontornável da curadoria fotográfica em contexto ibérico, a edição de 2025 propõe um olhar crítico sobre o passado, presente e futuro do festival. Nieves que tem contribuído ativamente para a internacionalização do festival e para o reforço do seu papel enquanto espaço de pensamento e ação artística concebeu esta edição como uma pausa consciente para refletir sobre o legado dos Encontros da Imagem, ao mesmo tempo que projeta novos caminhos e alianças.
“Manifestação de Interesse” é mais do que um mote: é uma declaração de intenções. Ao evocar o desejo de continuar a construir pontes entre artistas, públicos e territórios, o festival assume-se como um espaço vivo de experimentação, escuta e descentralização cultural. Esta edição organiza-se em três programas distintos: Dissidências, Argumentários e Transições que dialogam entre si e exploram diferentes dimensões da imagem contemporânea.
Três eixos fundamentais
Dissidências propõe uma abordagem crítica e inclusiva da fotografia. Ao reunir artistas que desafiam as narrativas hegemónicas, explora linguagens visuais disruptivas e novos dispositivos de criação, sublinhando a pluralidade de vozes e estéticas que marcam a fotografia atual. O programa visa questionar os modelos dominantes e abrir espaço para outras histórias, outras formas de ver.
Argumentários, por sua vez, convida o público a mergulhar na memória afetiva e institucional do próprio festival. Aqui, Vitor Nieves propõe uma escavação crítica das histórias internas dos Encontros da Imagem, aquelas que raramente constam nos arquivos oficiais, mas que foram determinantes para a sua evolução. O objetivo é valorizar essas narrativas ocultas e, com elas, reforçar a identidade do festival como organismo vivo e em constante reinvenção.
Finalmente, Transições centra-se nas relações entre o festival e o território que o acolhe. Longe de se limitar à geografia, este programa valoriza as identidades divergentes, as chamadas “novas ruralidades” e os contextos em transformação. É neste eixo que se afirma o compromisso dos Encontros da Imagem com a região de Braga e o seu papel como catalisador cultural.
Ao longo de 35 anos, os Encontros da Imagem tornaram-se um dos mais relevantes festivais de fotografia, promovendo a visibilidade de artistas emergentes e consagrados. Com a curadoria de Vitor Nieves, a edição de 2025 assume-se como uma celebração crítica e visionária, onde o passado se encontra com o futuro num contínuo gesto de escuta, inquietação e criação.