Até 30 de outubro, Braga, Barcelos, Guimarães, Porto e Vila Nova de Gaia acolhem o festival de fotografia e artes visuais, com 50 exposições para ver.
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Quando os sinos das igrejas de Braga tocarem, esta sexta-feira, às 17 horas, Marta Pinto Machado estará na Casa dos Crivos a apresentar "Beyond solid ground", uma exposição fotográfica que olha para as comunidades de imigrantes e como a vida destas pessoas se dá "nos limites do Centro Histórico". No mesmo espaço e à mesma hora, Rui Palma vai mostrar como os brasileiros transformaram a noite na cidade.
Os dois artistas são os primeiros a mostrarem-se na 32.ª edição dos Encontros da Imagem, o festival de fotografia e artes visuais que, este ano, quer dar destaque aos "lugares comuns". E, aqui, tanto se reflete sobre imigração, como sobre o ambiente, o racismo, a identidade de género ou maus-tratos à mulher.
Até 30 de outubro, há 50 exposições para ver em 26 espaços de Braga, Guimarães, Barcelos, Porto e Gaia (em parceria com a Casa da Cultura de Avintes). Dos 95 artistas, consagrados ou novos talentos, "25% são portugueses", adianta Carlos Fontes, diretor artístico do evento. Fala de Marta Pinto Machado e Rui Palma, que estiveram em residência artística, mas também de André Castanho, arquiteto e fotógrafo que expõe na Galeria da Estação uma visão diferente da paisagem da cidade com "Todos os sítios: Braga centro".
Fala ainda de Rita Lino, a quem o festival foi buscar a imagem para comunicar a edição deste ano. Artista nacional radicada em Berlim (Alemanha), regressa às origens para apresentar "Réplica", no Museu Nogueira da Silva.
"A fotografia não deve ser só o lado artístico, poético e estético, mas também ser um processo de questionamento e colocar a arte ao serviço dos problemas atuais", resume o diretor artístico. Carlos Fontes explica assim outra aposta dos Encontros da Imagem: a artista afegã Farzana Wahidy.
A fotógrafa leva "Strength and spirit: The resilient women of Afghanistan" à biblioteca Lúcio Craveiro da Silva, sobre os problemas que enfrentam as mulheres afegãs. Já Daniel Castro Garcia explora o impacto das migrações de africanos para Itália, através do Mediterrâneo, e os episódios traumáticos que daí advém, com "I Peri N"Tera", no Largo do Paço.
Os imigrantes de Braga
O tema da imigração repete-se com Marta Pinto Machado, que se aproximou dos cidadãos do Senegal, Cabo Verde ou Europa do Leste em Braga para questionar a sua aceitação na cidade. "Muitos nunca tinham ido ao Theatro Circo, porque não consideram que é um sítio para eles", exemplifica a artista.
"Os lugares comuns estão em nós. É um tema amplo que permite encaixar tudo, todos os problemas", resume Carlos Fontes, acrescentando que, este ano, além das novidades, o festival foi ao arquivo da associação e vai mostrá-lo nas cidades de Barcelos e Guimarães.
No mapa da programação, Carlos Fontes diz que fica, ainda, a faltar Famalicão. O objetivo da associação cultural é que, no próximo ano, o projeto chegue a todo o Quadrilátero Urbano.