A atuação de Kendrick Lamar e SZA, este domingo, no Estádio do Restelo, foi um "dos melhores concertos do ano". O rapper norte-americano "partilhou a ribalta" com a artista que marca uma geração e conquistou o público português.
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Com 33 graus e uma brisa quente, dezenas de pessoas fizeram fila para entrar no recinto. Laura, uma jovem espanhola que veio passar férias a Lisboa, escolheu as datas para ver atuar os artistas favoritos. Foi para a fila às 5.20 horas da madrugada de domingo para ser das primeiras a entrar, o que só aconteceu pelas 17.20 horas, 12 horas depois. A mesma paixão e sacrifício foram partilhados pelas amigas Rita e Mariana, que aguardaram quase dez horas, guarda-sol em punho, para garantir um lugar "mesmo à frente", explicaram ao JN.
Pela Rua dos Jerónimos acima foram-se juntando cada vez mais pessoas, vestidas a rigor para um concerto que fez jus aos elogios do arranque da tour. Entre saias de ganga e t-shirts de clubes de futebol, muniram-se de garrafas de água e outros refrescos até se refrescarem com Lamar e SZA.
Ao chegar ao recinto, era visível o entusiasmo do público e a corrida para as plateias de pé. "Temos de correr para ficar à frente", ouvia-se de um grupo de jovens que não tardou em acelerar o passo para garantir um bom lugar no relvado.
Mustard, promotor e DJ de Los Angeles, estreou o palco e entrou às 19 horas em ponto. Foi recebido calorosamente pelo público com a audiência a gritar "Mustarda" em uníssono.
Depois de vários minutos de saltos, mãos no ar e os fãs entusiasmado a acompanhar o DJ set, deu-se uma pausa de meia hora antes da entrada aclamada de Kendrick Lamar.O rapper abriu o concerto com "Wacced Out Murals", seguido de "Squabble up" e "King Kunta". SZA juntou-se à atuação após alguns temas individuais de Lamar e deixou a sua marca com uma entrada em cima de um carro coberto de plantas, simbolizando a capa do último álbum que lançou.
Entusiasmo dos fãs animou os artistas
Os dois artistas optaram por uma estratégia dinâmica, alternando entre performances individuais e músicas colaborativas.
Quando chegou a vez da icónica "Swimming Pools", Lamar deliciou o público com uma versão "a capella". Seguiu-se a "m.A.A.d city", num tom mais sereno que o normal, talvez para evitar os "mosh pits" proibidos pela promotora e desaconselhados pelo próprio artista. Não obstante, não impediram os fãs de cumprir com a tradição ainda no set de abertura, incentivados pelo próprio Mustard.
"All the stars", acompanhada da luz de lanternas de telemóvel pelo recinto inteiro, levou o público ao rubro, e a pedido de Lamar e SZA, grande parte da audiência manteve as "estrelas acesas".
Também num ápice de emoção, Lamar terminou o seu último tema individual com "Not Like Us", embalado pelas vozes dos fãs, que não resistiram em acompanhar a "diss track" do artista ao Drake.
Antes de encerrarem o espetáculo com "Gloria", os artistas entusiasmaram-se com a animação dos fãs a cantar "esta m***a é que é boa" com a melodia de "Seven Nation Army", dos The White Stripes. SZA passou mesmo o microfone a uma fã no relvado para pedir a tradução para inglês e mostrou-se encantada com a resposta.
O palco tinha o formato de um comando da PlayStation, à semelhança do utilizado no concerto de Kendrick Lamar na Super Bowl, que também contou com a participação de SZA. De acordo com a diretora artística do espetáculo, Shelly Jones, a atuação na altura pretendeu representar a vida de Lamar como um videojogo. “Penso que o tema [dos videojogos] era simbólico, a sua forma de chegar aos jovens”, explicou Rodgers ao portal "Wired".
Ao JN, João, um jovem que assistiu ao concerto no Restelo, garante que os artistas deram "um dos melhores concertos do ano", com Kendrick Lamar a "partilhar a ribalta" com SZA, o que se traduziu num espetáculo que certamente deixará "muita gente rouca".