Residência artística junta 30 jovens de vários pontos do país e da Galiza.
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Um ar de rock sopra em Paredes de Coura. Jovens circulam em bandos pela localidade ou sentam-se de máscara, distantes uns dos outros, nas escadas e em bancos à porta da Caixa da Música, um espaço polivalente no centro da vila. Ouve-se música. É a Escola do Rock que está de volta, após um ano de interregno por causa da pandemia.
"É um alívio e uma felicidade poder - mesmo com estas condicionantes todas, como menos participantes, máscaras e cuidados - estar com os mais novos, tocar, partilhar conhecimentos e ver concertos", afirmou Miguel Ramos, artista plástico e professor de guitarra clássica e baixo elétrico.
Formador habitual em Coura, enaltece o regresso da experiência, enquanto interage com Maria Martins, de 13 anos, que veio de Aveiro. Trouxe com ela o baixo elétrico, que pediu e ganhou de prenda aniversário. "Toco contrabaixo e queria experimentar outros estilos de música e tocar mais baixo elétrico. Isto é bom. Dá novos conhecimentos de música", diz antes de identificar alguns dos 12 temas, a maioria mais velhos que ela, que o formador vai referindo "Alguns, já conhecia de ouvir com os meus pais", disse.
A edição 2021 da Escola do Rock, que termina amanhã, junta 30 jovens de vários pontos do pais e da Galiza, numa residência artística que devolveu à vila um pouco da agitação costumeira no verão desde os primeiros tempos do festival (1993). Este ano, com inscrições limitadas, cerca de metade das habituais, trouxe "rockeiros" de Matosinhos (2), Braga (4), Lisboa (1), Gaia (1), Porto (3), Paredes de Coura (10), Vila Verde (1), Aveiro (1), Vale de Cambra (1) e Espanha (1 de Granada e 5 de Vigo).
"Viemos porque a nossa professora de música sugeriu que nos inscrevêssemos para estar uma semana em Portugal a fazer música e a gravar canções. Assim o fizemos e aqui estamos. É muito divertido", conta RaiSha Méndez, voz e baixo das The Rebel Spirits, uma das duas bandas residentes da Escola, formada por quatro raparigas de Pontevedra, Galiza. Tantas quantas as da outra banda, as Outsiders, de Guimarães.
A escola prepara 12 temas. Ouve-se desde Manel Cruz a Nirvana, de Iggy Pop a Doors, passando pelos Talking Heads.
"Já que não podemos ter o festival grande, temos o festival pequenino com dezenas de miúdos na vila, num ambiente maravilhoso, que já nos traz as saudades do nosso Festival de Paredes de Coura", comenta Vítor Paulo Pereira, presidente da Câmara e um dos fundadores dos dois eventos de música referidos. Já deixou a organização e passou a ser autarca, mas continua a ser do rock. "A política precisa de muito mais rock and roll", acredita.