A equipa representante do distrito de Lisboa, formada por alunos das escolas João Alberto Faria e Lumiar, foi a grande vencedora da oitava edição do Entre Palavras que teve a final nacional, em Braga, esta quarta-feira.
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Depois de longos meses de debate de ideias que envolveram mais de 1500 alunos em 18 distritos, as equipas representantes dos distritos de Lisboa e Aveiros lograram chegar à finalíssima, da oitava edição do Entre Palavras - Fórum da Leitura e Debate de Ideias, organizado, anualmente, pelo "Jornal deNotícias".
A adesão de alunos e professores tem sido crescente, quão gradativa tem sido, igualmente, a qualidade dos debates e a preparação dos participantes.
Rafaela Godinho, professora que acompanhou a preparação dos alunos da escola João Alberto Faria, em Arruda dos Vinhos, destacava "os benefícios" do Entre Palavras, no "desenvolvimento de competências de debate e argumentação que ajudam a preparar os exames do 9º ano".
Além disso, a docente acrescenta outro pormenor: "Funciona como auto-estima de alunos que até têm notas negativas nas disciplinas, mas que se esforçam para terem a possibilidade de participar no Entre Palavras".
Rafaela Godinho colocou, ainda, o assento tónico "na ajuda que o concurso dá, para a desmistificação da ideia de divisão Norte/Sul".
De resto, nesta edição, assistiu-se a uma verdadeira descentralização da final, quer em termos logísticos, com o cenário a centrar-se em Braga, quer em termos de equipa vencedora, com a equipa de Lisboa a conquistar o título.
No debate final, dedicado ao tema da "Poupança" e tendo Fátima Campos Ferreira na apresentação, "de um concurso que é uma espécie de homenagem ao Prós e Contras", os argumantos dos alunos de Lisboa convenceram o júri.
Defendendo que "a poupança é uma atitude", os alunos fizeram incidir argumantos na necessidade "de poupar ao nível ecológico, como forma de melhor partido tirarmos dos bens que produzimos".
Esse "gesto cívico traz benefícios a nível individual", entendendo os alunos de Lisboa que "o pé-de-meia criado permitirá enfrentar qualquer imprevisibilidade".
Ao "apertar de cinto" que a crise obriga, os alunos do Lumiar e de Arruda dos Vinhos encontraram aspetos positivos, pois "as pessoas deixam de ligar tanto a marcas de roupa e outros adressos e passam a valorizar mais a amizade e a ligar ao indivíduo".
A equipa de Aveiro, representada por alunos das escolas Gomes Almeida e Domingos Capela, vincou o mote na máxima "a poupar vamos mudar", enquadrando as necessidades de cortar na despesa "tal como fez Marquês de Pombal", defendendo "o aumento das exportações e processos inovadores de produção".
Os alunos de Aveiro defenderam "alteração dos padrões de consumo, nomeadamente fechando torneiras e apagando a luz e fazer uma a duas refeições semanais com restos de comida".
Chegaram com bombos, concertinas, vuvuzelas e muitas tarjas de incentivo às suas equipas. Criaram um ambiente de estádio de futebol, mas foram ordeiros quando tocava a respeitar as intervenções das equipas.
O Entre Palavras, além de proporcionar experiências únicas ao nível cognitivo, revela-se cada vez mais como um espaço de convívio dos jovens deste país e enche de esperança a organização, como lembrava Nuno Gramacho, coordenador do projeto desde a primeira edição, "estes são os futuros governantes deste país".
Jorge Fiel, subdiretor do Jornal de Notícias lembrou a "importância das palavras e de saber usá-las", apelando "à capacidade de saber ouvir, porque este projeto visa sair daqui com mais conhecimentos".
Vindos do extremo sul do país, os alunos de Faro abriram o debate, logo pela manhã, argumentando sobre o valor máximo que é a honestidade. Viseu, Guarda, Évora e Portalegre, Castelo Branco e Coimbra versaram o mesmo tema, resumível na frase de um aluno: "chove sobre o justo e o injusto, mas chove mais sobre o justo porque o injusto roubou-lhe o guarda-chuva".