Conhecida como a "Tchekhov canadiana", sofria de demência há mais de uma década. A sua obra, com destaque para os contos, está profusamente editada em Portugal.
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A escritora canadiana Alice Munro, que se destacou como contista, vencedora do Prémio Nobel da Literatura em 2013, morreu aos 92 anos, noticiou esta terça-feira o jornal de Toronto "The Globe and Mail", que cita fontes familiares.
Alice Munro afirmou-se literariamente ao abordar temas como a escuridão e o desejo na vida quotidiana, tendo sido também distinguida com o Prémio Man Booker Internacional em 2009.
Conhecida como a "Tchekhov canadiana", morreu depois de ter sofrido de demência durante mais de uma década.
Apelidada de "mestre do conto contemporâneo", Alice Munro morreu na segunda-feira à noite, na sua casa, em Ontário, revelou a família da escritora, adiantando que os preparativos para o funeral estão pendentes.
Uma narradora afiada
Quando venceu o Prémio Nobel da Literatura, o primeiro na história do Canadá, a Academia sueca destacou que os contos de Alice Munro focam "a fragilidade da condição humana", e elogiou a "narrativa afinada" da escritora, "que se caracteriza pela clareza e pelo realismo psicológico", definindo-a como "mestre do conto contemporâneo".
As suas histórias passam-se frequentemente em pequenas localidades, onde a luta por uma existência socialmente aceitável muitas vezes resulta em relações tensas e conflitos morais - problemas que resultam de diferenças geracionais e ambições de vida que colidem.
Os seus textos descrevem frequentemente eventos do dia-a-dia, mas decisivos, "verdadeiras epifanias que iluminam a história e deixam questões existenciais aparecer num relâmpago", considerou ainda a academia.
Estudou jornalismo e foi livreira
A sua obra está editada em Portugal pela Relógio d'Água, que publicou títulos como "O amor de uma boa mulher", "A vista de Castle Rock", "O progresso do amor", "Vidas de raparigas e mulheres" ou "Amada vida", entre outros.
Alice Munro nasceu a 10 de julho de 1931 em Wingham, na província canadiana de Ontário. A mãe era professora e o pai era criador de raposas.
Após terminar o liceu, começou a estudar jornalismo e inglês na Universidade de Western Ontario, mas interrompeu os estudos quando se casou, em 1951. Juntamente com o marido, estabeleceu-se em Victoria, em British Columbia, onde o casal abriu uma livraria.
Apesar de ter começado a escrever histórias quando ainda era adolescente, só publicou o seu primeiro livro em 1968, a coleção de contos "Dance of the happy shades" ("Dança das sombras felizes", em tradução literal), que recebeu uma atenção considerável no Canadá.