Radionovela concerto teatral escrita pelo jornalista António Pires estreia em Lisboa.
Corpo do artigo
No dia em que faz 13 anos, uma jovem Amália reúne-se com amigos, num pátio de Lisboa. Entre ofertas e canções, entre fado e histórias, visiona-se um futuro que poderia acontecer – que veio a acontecer. Tudo é um pouco hipotético, um “como poderá ter sido”, ainda que baseado em factos reais; um meio de descortinar, a novas gerações, de crianças e não só, a “heroína” Amália Rodrigues.
"O fabuloso destino de Amália" é uma radionovela concerto teatral, escrita pelo jornalista e crítico de música António Pires, que oferece um retrato da fadista com base na sua biografia. A peça vai estar em Lisboa a 26 e 27 de setembro, na Biblioteca Orlando Ribeiro.
A ação começa naquele dia de festa, com a adolescente a confessar o seu maior sonho: levar o Fado ao mundo. Os amigos incentivam-na e juntam-se a ela na interpretação de algumas das suas futuras canções, ponto de partida para explorar a sua carreira.
Em palco, três narrativas interligadas: a história do Fado, narrada no fundo por um locutor de rádio; a vida de Amália, apresentada pelos cantores Carla Pires, Luanda Cozetti, Luís Pucarinho e Carla Pontes; e momentos musicais com sucessos de Amália e outros géneros, representados por cada personagem.
Ana Abrantes, quem tudo idealizou, explica, nos ensaios, ao JN, como desafiou, “há mais de cinco anos”, António Pires. “Sabendo do livro que estava a escrever sobre Amália, disse-lhe: ‘porque não o fazes a pensar também em crianças? Há tantas heroínas estrangeiras, temos de ter uma portuguesa’”, conta, destacando como Amália foi a primeira mulher a cantar poemas de outros, a inovar, a chegar ao mundo e “porque não passar isso às gerações mais novas?”.
O resultado é para maiores de seis anos, mas pensado para todas as idades, todos os que queiram conhecer Amália, e não só. É que ao falar de Fado, fala-se da multiculturalidade que ele envolve e que muitos não conhecem: os amigos na peça representam géneros que o influenciaram, do chorinho brasileiro aos sons de Cabo Verde; diferentes regiões, até do país, e sotaques, que contam também uma história de cultura musical – são estes amigos que ajudam Amália a tornar-se na grande estrela mundial. Depois de Lisboa, o objetivo é levar a peça a mais locais e, idealmente, criar mesmo uma radionovela, “se alguma rádio aderir”.
Um projeto comunitário
Encenada por Carlos Norton, a peça é um projeto de intervenção comunitária da Alta de Lisboa (AL). Os figurinos, adereços, os vídeos e a produção estão a cargo dos jovens e mulheres das associações Espaço Mundo, Sempre Ligados e Associação de Moradores do Per 11. Foi também criado um grupo de Batucadeiras da Alta de Lisboa, que terá uma participação no espetáculo. No final de cada noite, há ainda DJs da AL. A entrada é gratuita, com reserva pelo email: sempreligados.associacao@gmail.com.