
A Euroconcert vai processar a Sociedade Portuguesa de Autores (SPA) porque, segundo a empresa, esta entidade não permitiu a abertura das portas para a realização dos concertos com The Original Glenn Miller Orchestra, no Porto e em Lisboa.
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Em declarações à Lusa o maestro Rolando Saad, da Euroconcert, empresa responsável pela realização dos dois concertos em Lisboa e no Porto, afirmou que irá "accionar um processo junto dos tribunais portugueses contra a SPA".
"A SPA não é um delegação do Governo, nem pode ser juiz em causa própria. Isto não se passa em nenhuma parte da Europa", disse Saad que considera que "não cabe à SPA não autorizar a abertura das portas de um teatro".
"Uma sociedade privada de autores, como é a SPA, não pode ser juiz e decidir encerrar portas", acrescentou.
Os músicos da orquestra estarão no Porto e em Lisboa, de onde seguirão para o Mónaco onde têm agendado um concerto.
Quanto aos bilhetes, Rolando Saad disse que "segunda-feira [próxima] os serviços jurídicos [da Euroconcert] darão os pormenores do procedimento".
O concerto com The Original Glenn Miller Orchestra no Coliseu do Porto estava previsto para sábado, às 21,30 horas, e em Lisboa, no Teatro Tivoli, domingo, pelas 18,30 horas.
Em causa estão divergências quanto ao valor dos direitos de autor a pagar para a realização dos concertos.
O maestro Rolando Saad afirmou que a SPA "roça a ilegalidade" e acusou a cooperativa de "oportunismo político".
"Pagamos o que temos de pagar e não as imposições chantagistas da SPA", disse o responsável, acrescentando que os valores pedidos pela cooperativa eram "abusivos" na medida "em que o máximo que a lei permite de pagamento de direitos de autores, e no caso de programas ainda sob protecção autoral, é 10% [da receita], quando a SPA pede à cabeça quatro mil euros mais IVA".
Acresce a esta divergência o facto, segundo Saad, de a SPA "não reconhecer o direito autoral ao arranjador Ray McVay" que também dirige a orquestra.
A SPA por seu turno, pela voz de José da Ponte, explicou que só existem dois tipos de tabelas para todos os operadores de espectáculos: "Dez por cento sobre as receitas reais ou o pagamento à cabeça de cinco por cento sobre o potencial de venda".
"O que se passa é que essa empresa [Euroconcert] arranjou uma nova tabela em que paga 50% dos direitos à SPA e a Euroconcert paga os outros 50% ao arranjador, mas isto ultrapassa tudo o que está internacionalmente convencionado", disse José da Ponte.
O responsável da cooperativa afirmou estranhar o facto desta "trabalhar com todo o tipo de produtores e nunca ter tido qualquer problema".
A The Original Glenn Miller Orchestra, criada em 1988, integra 22 músicos, dois cantores e o maestro McVay.
