Experimentalidade no som e honestidade nas letras: "I AM" estreia quarta-feira
IAN apresenta no Novo Ático, no Coliseu do Porto " I AM", o seu novo álbum de originais. Em entrevista com o JN, a artista revelou que o nome do álbum se deve à honestidade sem barreiras que nele depositou.
Corpo do artigo
Ianina Khmelik apresenta "I AM" segundo álbum de originais revestido de eletrónica. "Falei de tudo: da atualidade, do passado mais próximo e do presente que estamos a viver. Falei completamente aberta e mostro o que sou hoje: quais são as minhas convicções, aquilo de que gosto e o que não gosto, com o que concordo e com o que não. Foi isso que pus nas minhas canções, nas minhas letras", conta ao JN.
Dos temas que compõem o disco, dois foram já divulgados: "Turn Off The Light" e "Fighter". Estes são dois lados da mesma moeda. Segundo IAN, há dois momentos do passado próximo que definiram o rumo do trabalho: o fim da pandemia e a invasão da Rússia à Ucrânia.
Quanto à sonoridade, a artista revela que a sua formação clássica enquanto violinista e o gosto pela música eletrónica coexistem em harmonia, criando o som a que chama de "pop contemporâneo".
"Claro que no palco vai haver piano, violino clássico... trago os instrumentos do meu background clássico para a música eletrónica. Acho que consigo conjugar muito bem estas duas facetas." Além disso, um fator importante para a criação da identidade musical da carreira a solo da violinista é o seu país de origem. Nascida na Rússia, a artista diz que todo o contexto em que cresceu influenciou aquilo que hoje produz.
"Quando me perguntam se o facto de ser russa influencia a minha música, é claro que influencia! Vocês estão rodeados de outras modas musicais, como o fado. É diferente daquilo que nós temos lá. Ainda para mais, vocês vivem numa democracia e eu nasci e vivi sempre numa ditadura camuflada, portanto isso é de facto muito importante."
O sucessor de "RaiVera" distingue-se do álbum primogénito da cantora por abordarem tempos diferentes.
"O anterior falava de um passado mais longínquo, ia buscar imagens da Rússia da minha infância. Este novo álbum é sobre o presente, sobre um passado que vivemos recentemente, esta vontade de voltar às ruas e de ver as pessoas sem máscaras, sem medo e o presente que estamos a viver com a ameaça de uma possível terceira guerra mundial e uma pena, uma dor tremenda, pelo povo vizinho. Eu falo do presente, eu tenho uma posição firme nas minhas posições e jamais cedo aquilo que eu acho e que está certo."
O concerto terá lugar no Novo Ático. Ianina diz sentir-se "muito honrada e orgulhosa de poder tocar nesta sala." Quanto a expectativas para o espetáculo, diz saber "que as pessoas não vão sair desiludidas ou indiferentes ao que vão ver lá, e para o futuro, quer apenas "Continuar a mostrar a minha música. O objetivo é mostrar este estilo diferente que eu tenho para que conheçam e apreciem."
Nascida em Moscovo em 1983, Ianina Khmelik mudou-se para Portugal aos 15 anos, depois de vários anos de formação no universo musical na Rússia. IAN iniciou os seus estudos musicais nessa cidade aos cinco anos. Mais tarde ingressou na Escola Profissional de Música Gnessin, onde aos oito anos fez a sua primeira tournée. Atualmente, e em simultâneo com a sua carreira a solo, é 1.º violino da Orquestra da Casa da Música.
Esta quarta-feira, a cantora atua no Coliseu do Porto às 21.30 horas. O concerto seguinte será a 16 de março, no Lux Frágil, em Lisboa. Os bilhetes podem ser adquiridos pelo valor de 15€