O coletivo de artistas estreia "O direito do mais fraco à liberdade", este sábado, no Centro Cultural Vila Flor, em Guimarães.
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Numa altura em que os Silly Season - Ivo Saraiva Silva, Cátia Tomé e Ricardo Teixeira - celebram 13 anos de atividade e o Centro Cultural Vila Flor assinala 20 anos, o coletivo volta a Guimarães, este sábado, para a estreia absoluta do seu trabalho mais recente: "O direito do mais fraco à liberdade". A peça parte do argumento do filme de Rainer Fassbinder com um título quase igual - no original de 1975 é o "mais forte" e não "o mais fraco" - para criar um novo objeto artístico com vagas ligações ao referente, mas adaptado às questões contemporâneas. O elenco, além dos três Silly Season, conta com Duarte Melo, Rafael Carvalho e Soraia Chaves.
A obra de Fassbinder anda toda à volta de "exploração do Homem pelo Homem". Em "O direito do mais fraco à liberdade", os Silly Season aproveitam as questões levantadas pela cinematografia de Fassbinder e reciclam-nas para os nossos dias. Como no original, há um homem simples que por circunstâncias extraordinárias se torna rico - "vai do lixo ao luxo" - e que é abusado por um amante que só se interessa pelo seu dinheiro. A obra explora a relação entre o dinheiro e amor ou, posto de outra, o papel que o dinheiro desempenha nas relações íntimas entre as pessoas.
Foto: Direitos reservados
Ao contrário do que acontece nas obras de Fassbinder, que têm sempre fins sombrios e isentos de qualquer esperança, a proposta dos Silly Season aponta um caminho de redenção. "O espetáculo avança para locais onde a violência é muito notória, mas termina com uma proposta para que o espectador se junte a uma resistência. Para que tenhamos mais consciência da forma como estamos a ser operados. Rompe com o niilismo de Fassbinder", desvenda Ivo Saraiva e Silva.
O que a câmara revela e o que ela oculta
A peça vai sendo filmada e projetada, e o público pode escolher entre ver na tela ou no palco - uma linguagem já explorada em outros trabalhos deste grupo. "Na verdade, as pessoas podem decidir entre ver a cena principal ou outras que também estão a decorrer em cima do palco e podem fazê-lo diretamente ao através da projeção. Será curioso perceber o que é que a Câmara revela ou escolhe revelar e o que é que ela esconde", destaca Ricardo Teixeira. Cátia Tomé chama a atenção para o facto de o próprio Fassbinder ter feito teatro antes de fazer cinema e de ter "transportado muito da linguagem teatral para os seus filmes".
"O direito do mais fraco à liberdade" é uma coprodução da Oficina/Centro Cultural Vila Flor (CCVF), RTP, Teatro Diogo Bernardes e Teatro das Figuras, com residências artísticas no Espaço do Tempo, Centro de Criação de Candoso e Fábrica ASA. Os bilhetes estão à venda em oficina.bol.pt e nas bilheteiras do Centro Cultural Vila Flor, Centro Internacional das Artes José de Guimarães (CIAJG), Casa da Memória de Guimarães e Loja Oficina, com preços entre os 10 e os 15 euros.