Fénix Biles renasce para sobrevoar o Olimpo com novos episódios em série da Netflix

Simone Biles
Foto: Loic Venance / AFP
Documentário sobre Simone Biles, a ginasta mais medalhada dos EUA, vai ter mais episódios.
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Tóquio ia ser o seu Evereste. O auge de uma carreira. E realmente foi, mas não como Simone Biles pensou. Por subir tão alto, a melhor ginasta de todos os tempos soube que era preciso recuar, abandonar o cume, perder a vista sobre o reino dos deuses para respeitar o bem mais precioso de um ser humano: a saúde (física e) mental.
Não, não foi vedetismo. Biles não foi “a desistente do ano”, a “falhada” ou “a vergonha para o país”, como tantos disseram, confortavelmente sentados no sofá durante uns Jogos Olímpicos implacavelmente marcados pela covid-19. A atleta sofreu aquilo que em ginástica se apelida de “twisties”, uma espécie de bloqueio psicológico que faz com que o corpo não obedeça aos comandos do cérebro. Não é visível como um pé partido, é uma ferida maior, interior.
Ceder à facilidade de não saber parar num caso destes é, literalmente, arriscar a vida, para quem passa o dia a fazer mortais. E é esta a história contada no documentário da Netflix “O regresso de Simone Biles”, que estreou recentemente, antes de a americana provar ao mundo, em Paris, que a história só termina quando ela quiser. “Quem escreve o meu final sou eu”, garantiu, revelando que, depois de Tóquio, nunca mais pensou conseguir competir. “As vozes na minha cabeça eram ensurdecedoras. Tive de lutar contra demónios, dia após dia”.
Mas como tem cravado na própria pele, numa tatuagem acima do coração, "And still I rise". “E, apesar de tudo, renasço” (na língua portuguesa). Com o apoio dos pais – Biles foi abandonada pela mãe e acabou adotada pelos avós – do marido, Jonathan Owens, jogador de futebol americano, e das restantes ginastas, a atleta voltou aos treinos, teve de reaprender tudo, da estaca zero. Conseguiu. Soube desistir para voltar mais forte, qual fénix renascida das cinzas, a provar que as medalhas de ouro se colecionam mas que a dignidade está e estará sempre acima de qualquer coisa. O documentário tem, para já, dois episódios, mas haverá novidades. Porque o fim da história de Simone Biles está longe. E ainda há tanto céu para explorar.

