A primeira digressão da nova estrela global de 21 anos inclui dois concertos em Lisboa, este sábado e domingo. Com pop, rock e um estilo pop-punk, Olivia Rodrigo é vista como a voz da nova geração.
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Quando em 2021 se começou a ouvir “Drivers license” em loop nas rádios, não era fácil, ou imediato, perceber quem estaria por detrás daquela música cativante, pop com mágoa, maturidade com pureza “teen”, uma voz que soava um pouco a Lorde, mas não totalmente - era mais doce, no meio de uma angústia latente.
Olivia Rodrigo apresentava-se ao mundo com um tema que viralizou e que a transformou, em poucos meses e aos 18 anos, numa referência da nova indie pop, de encaixe perfeito para os mais novos, ainda que abrangentemente sedutora.
Agora já premiada, consagrada e considerada por muitos como uma das vozes mais significativas da sua geração, estreia-se este sábado e domingo em Portugal, com dois concertos na Meo Arena que esgotaram em poucas horas.
Bem comportada, mas rebelde
“Drivers license” viria a ser o tema a superar mais rapidamente os 100 milhões de downloads no Spotify. “Sour”, o disco de estreia da cantora norte-americana de origens filipinas que o incluía, venceria três Grammys, motivando uma primeira tournée e consagrando a ex-estrela da Disney (por onde passou brevemente) como uma séria promessa de uma nova vaga de cantores; mais focada nos sentimentos e dilemas dos jovens e da Geração Z – aqueles nascidos entre o final da última década de 90 e o início da segunda de 2000.
O 2.º álbum de Rodrigo, “Guts” chegou em setembro de 2023 e voltou a surpreender, a escalar tops, granjear prémios e elogios, público e crítica juntos.
Descrito como um disco de descoberta e de dores de crescimento, o trabalho incluiu “Vampire”, “Social suicide” ou “Bad idea right”, temas que revelaram uma compositora cada vez mais virada para um lado rock, quase pop-punk, a fazer lembrar sons dos anos 90 que assumidamente admira, até o “riot grrrl” e alguns grupos de garagem femininos dessa década – não será por acaso que a sua banda na estrada é formada só por mulheres e músicos não binários.
A nova nuance coalesceu com o seu ar e estética (entretanto também já icónicos) de menina bem comportada com um lado mais maduro e rebelde; quando “Guts” saiu, disse sentir que tinha “crescido 10 anos", entre os 18 e os 20.
Simples e complexa
Sobre ser uma voz da sua geração, Rodrigo, que compõe total ou parcialmente todas as músicas, já acatou em parte o peso, explicando que apesar de se considerar uma pessoa feliz, percebe como os jovens se identificam com os seus temas mais irónicos ou catárticos, assim como assume que a música é um meio para expressar sentimentos “que não são divertidos ou aceitáveis”.
“Sou muito orgulhosa da minha geração e da maneira como as pessoas se uniram e não suportaram muitas das coisas que foram toleradas durante anos”, dizia em entrevista recente.
Comparada com nomes como Lorde, que admira abertamente, Taylor Swift, pelo fenómeno, ou até com Fiona Apple, pelo lado indie, a verdade é que Rodrigo tem criado uma sonoridade própria.
É um pouco vintage, tem letras a abarcar, com paradoxal simplicidade, as complexidades da adolescência e juventude modernas: redes sociais, saúde mental. aceitação, ansiedade, desgostos, pressão de pares, estão lá, sendo a cantora uma acérrima defensora dos direitos LGBTQ+ e das mulheres, manifestando-se frequentemente e de diversas maneiras contra a discriminação.
Envolvente e empática
A atual digressão mundial conta com 57 datas e tem Remi Wolf como convidada, e as críticas relatam um espetáculo bem oleado, com todos os principais hinos e o lado rock presente, além do da envolvência e empatia para com os fãs.
Os concertos em Lisboa, no mesmo fim de semana do Rock in Rio, estão marcados para as 19.30 horas e chegam na semana em que “Vampire” ultrapassou os mil milhões de streams no Spotify – tornando-se no 7.º tema de Olivia Rodrigo a conseguir este feito montahoso.