O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, lamentou a morte da atriz Fernanda Lapa, enaltecendo a sua "voz interventiva nas questões do teatro, da cultura e da intervenção cívica".
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Numa mensagem publicada no site da Presidência da República, Marcelo Rebelo de Sousa enviou sentidas condolências à família de Fernanda Lapa, que morreu hoje aos 77 anos, em Cascais, onde estava hospitalizada.
O chefe de Estado assinalou que Fernanda Lapa teve uma "longa e ativa carreira como atriz, encenadora, professora e militante teatral, inconformada" com o, citando palavras da própria, "'papel de subalternidade a que a mulher tem sido reduzida no teatro português'".
"Figura ímpar"
A ministra da Cultura, Graça Fonseca, lamentou também a perda de Fernanda Lapa, classificando-a como uma "figura ímpar da história do teatro português nos últimos 50 anos". Numa publicação na rede social Twitter, o Ministério da Cultura salientou que Fernanda Lapa deu, através do seu trabalho, "oportunidade, palco e voz às mulheres na representação".
"Uma lutadora"
O primeiro-ministro, António Costa, recordou a atriz como uma lutadora que "nunca calou a voz para defender o papel das mulheres", afirmando que a sua falta será sentida.
"Fernanda Lapa foi sempre uma lutadora, que respirou Liberdade, Teatro e Cultura a vida inteira. Nunca calou a voz para defender o papel das mulheres, contra preconceitos e estereótipos. Vamos sentir a sua falta", escreveu o primeiro-ministro, numa mensagem publicada na rede social Twitter.
"Uma referência"
A escritora, argumentista e encenadora Cláudia Lucas Chéu tem em Fernanda Lapa "uma figura de referência que marcou o meu percurso enquanto encenadora". Num depoimento ao JN considerou a fundadora da Companhia de Teatro Escola de Mulheres uma pessoa "extremamente inspiradora" e "Um paradigma no meio artístico que ainda hoje, é dominado por homens".
"Mulher extraordinária"
"Era uma mulher extraordinária, muito leal, de uma enorme energia e grande coerência", sublinhou o seu amigo Carlos Avilez, encenador e diretor do Teatro Experimental de Cascais. "O seu desaparecimento é uma enorme perda para o teatro português".
"Leal e independente"
Também o pianista Nuno Vieira de Almeida, que participou na peça "Gertrud Stein e acompanhante", que Fernanda Lapa encenou e estreou em junho de 2019 no Teatro São Luíz, em Lisboa, recorda a lealdade e a independência de Fernanda Lapa. "Não se deixava abalar por protagonismos. Era uma encenadora extraordinária e uma grande referência no panorama teatral".
"Determinada e lutadora"
O cenógrafo e figurinista e professor António Lagarto, ex presidente da Escola Superior de Teatro e Cinema, um dos que também trabalhou com Fernanda Lapa nas últimas peças que esta levou à cena, recorda-a como "uma mulher muito determinada e uma lutadora". "Eu adorava-a quer como profissional quer como mulher".
"Deixou um legado de princípios"
Hoje morreu uma das minhas referências de vida, de coerência de paixão pelo teatro e de uma convicção indestrutível", escreveu Aida Tavares, diretora artística do Teatro São Luiz. Fernanda Lapa é "uma mulher do teatro que lutou por causas várias e será sempre um símbolo do teatro. Deixou-nos um legado de princípios e valores que é raro no nosso país".